O digital influencer alvo da Operação Unfollow, da Polícia Civil em Sorriso (420 km de Cuiabá), deflagrada nesta sexta-feira (28), foi identificado como Jefferson Ryan. Ele integra a facção criminosa Comando Vermelho (CV) e utilizava redes sociais para cometer e promover a prática de diversos crimes. Jeferson é considerado um soldado leal do CV e ameaçava e extorquia donos de casas noturnas e prostíbulos da cidade, conhecida como a Capital das Facções.
Nas investigações, foi possível identificar que o investigado levava uma vida social dupla, ora como “influencer”, ora se dedicando às atividades da facção criminosa, onde era conhecido como “Trem Bala”. Como Jefferson, ele contava com 11,9 mil seguidores. Ele postava vídeos de "humor" do cotidiano.
A conta criminosa leva o nome de usuário jr_trembala3. O perfil é privado e conta com 1.234 seguidores, sem nenhuma postagem. Ele também tem outros dois perfis que são abertos. Em um deles, publicava vários textões sobre Deus, orações e positividades. No outro, o criminoso exibe diversas publicações com propagandas de lojas e até de uma faculdade, além de vídeos sobre humor.
Conforme o delegado Bruno França, Trem Bala cooptava menores para o crime. Ele também ameaçava e extorquia a dona de um prostíbulo na cidade. "Fazia diversas alusões a organizações criminosas e recentemente começou a ameaçar comerciantes locais. Sua extorsão era majorada, recebendo dinheiro sob a ameaça de atacar o comércio. Iniciamos as investigações para identificar esse criminoso com um perfil falso totalmente vinculado à facção e descobrimos que se tratava de um rapaz que se diz um influenciador com certa popularidade. Ele levava essa vida dupla, fazendo propagandas para empresas, atos beneficentes, enquanto exercia atividades criminosas sob o comando da facção. Ele estava aliciando jovens para ingressar no mundo do crime", informou França.
O delegado também afirmou que o influenciador é apontado como um soldado leal do CV.
"Realizamos buscas num prostíbulo que estava servindo como ponto de apoio dele e acabou se comprovando que ele tinha tomado o controle da localidade e estava extorquindo a dona, que vai ser ouvida. Ela disse que estava com medo da facção. Só concretizou o que a gente já sabia. Isso serve para a gente dimensionar o quão enraizado a facção criminosa está ficando na nossa sociedade. Uma pessoa que tinha amplo acesso às pessoas servia como soldado leal de facção criminosa".
As ordens judiciais, incluindo um mandado de prisão preventiva e cinco mandados de busca e apreensão, foram decretadas pela 5ª Vara Criminal de Sinop e estão sendo cumpridas na cidade de Sorriso. A operação integra os esforços do programa Tolerância Zero, idealizado pelo Governo de Mato Grosso, para combater a atuação de facções criminosas em todo o Estado.
As investigações tiveram início após a Polícia Civil tomar conhecimento de um perfil na rede social Instagram, onde eram publicados materiais referentes às atividades da facção, sendo identificado pelo menos três segmentos criminosos: tráfico de drogas, extorsão contra comerciantes e a promoção do grupo criminoso.
Na casa do influenciador, foram apreendidas diversas porções de entorpecentes, uma balança de precisão e um rádio comunicador utilizado por membros da facção criminosa. O alvo e um comparsa foram presos no momento em que chegavam à residência, retornando de uma festa, possivelmente realizada com outros integrantes do grupo criminoso.
O responsável pela gestão do perfil sempre procurava cobrir o rosto nas fotografias para dificultar sua identificação, uma vez que se tratava de uma pessoa conhecida na cidade, atuando como influencer com outro perfil no Instagram, onde realizava publicidade para várias empresas locais, além de aparecer em programas de televisão.
Entre suas atividades, ele era promoter de uma casa noturna na cidade e também negociava entorpecentes, exercendo, dentro da facção criminosa, não apenas a função de comerciante varejista de drogas, mas também de gerente do tráfico local.
As atividades ilícitas desenvolvidas pelo suspeito eram divulgadas no perfil relacionado às atividades da facção, onde o investigado utilizava a rede social para impulsionar suas ofertas de venda de drogas ao maior número de usuários possível.
Em uma das postagens, o suspeito convida jovens para se associarem ao tráfico, tornando-se seus “representantes comerciais” de drogas ilícitas.
Extorsão majorada
Também foi possível identificar que o criminoso utilizava seus perfis de rede social para ameaçar os comerciantes de forma velada, forçando empresários a realizar pagamentos periódicos aos criminosos, sob pena de terem seus comércios destruídos ou até mesmo suas vidas ceifadas.
Organização criminosa
Para o delegado responsável pelas investigações, Bruno França, não resta dúvida a respeito da identidade do suspeito, da quantidade de crimes que comete de forma endêmica e de suas gravidades.
Por meio das postagens ficou claro, que o investigado não fazia questão alguma de esconder que integra a facção criminosa e até utilizando um antigo prostíbulo da cidade como ponto de apoio estrutural para as suas atividades criminosas e para realização de festas, frequentadas somente por membros ativos da facção.
“As publicações demonstram que ele aparentemente tem orgulho de integrar organização criminosa, fazendo fotos ao lado de outros membros do grupo, postando regras e informativos da facção e incentivando a guerra entre grupos rivais”, disse o delegado.
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Sexta-Feira, 28 de Fevereiro de 2025, 11h57