Mais de 80 vítimas das armas da empresa Taurus no país já acionaram judicialmente a empresa. Somente em São Paulo são cerca de 50 ações. Em Mato Grosso, apesar de nove vítimas já identificadas, sendo uma delas fatal, não há processos em trâmite.

A informação é do tenente PM de Goiás, Alexandre Fernandes de Castro, liderança nacional do movimento dos atingidos. Já a informação local é a de que um cabo de Tangará da Serra (239 km a Médio-Norte de Cuiabá), um dos casos mais antigos de acidentes em Mato Grosso, aguardou o fim do inquérito policial e agora organiza documentação para também processar. 

À reportagem, ele não quis adiantar se vai acionará a empresa ou o Estado. Também não quis expor sua história, diferente do tenente Castro. 

Ele conta que dia 13 de fevereiro de 2013, estava na cidade de Padre Bernardo, em Goiás, portando uma pistola da Taurus, calibre 9 mm, que caiu ao chão e disparou, acertando-lhe a perna direita na junção do fêmur com a tíbia, causando-lhe graves lesões. 

Desde então, foram seis cirurgias e se prepara para a sétima marcada para 15 de março. “Muito dolorido para nós essa situação, hoje lutamos com todas as limitações físicas, para um bem comum, continuo trabalhando para pagar minhas batalhas, todas essas movimentações de saúde têm custos, despesas e gastamos do próprio bolso”, reclama.

O promotor Mauro Zaque, que conduz inquérito sobre as falhas da Taurus, diz que o monopólio da empresa é mais burocrático do que protegido por lei, tanto é que o Bope de Mato Grosso já está usando pistolas da Glock, de fabricação estrangeira, utilizadas também pelo FBI, que é a polícia norte-americana.

Para o tenente Castro, não tem como militares irem para a rua, enfrentarem a criminalidade, com armamento questionável. O movimento das vítimas está crescendo e agora confeccionaram uma camiseta para divulgá-lo, na intenção de identificar outros atingidos.