Prefeito por Cuiabá, Abilio Brunini (PL), evitou comentar sobre a Operação Perfídia, que teve como alvo o vereador Chico 2000, também do PL, e o vereador Sargento Joelson (PSB) por propinas em cima de obras públicas. Alegando ter poucas informações, Brunini não quis avalizar se a operação pode prejudicar a imagem da agremiação da direita, que tem como um dos lemas o combate à corrupção.

Em entrevista à imprensa, após a veiculação das informações da operação, Abilio disse que soube pouco do objetivo da investigação, mas que caberia somente ao presidente estadual do Partido Liberal, Ananias Filho, decidir o futuro de Chico.

O prefeito chegou a revelar que o vereador estava insatisfeito há alguns dias, principalmente por conta da negociação para tentar uma candidatura de presidente da Câmara Municipal, cargo que ocupava desde 2020. 

“Então, aí cabe ao presidente do partido a avaliação. O Chico já tinha solicitado uma possível saída do partido. Por causa da disputa na presidência da Câmara e tudo mais. Isso foi em aberto, ele ficou esperando o momento dele fazer. Mas não cabe a mim fazer esse julgamento agora”, disse o prefeito.

Após evitar tecer críticas, Abilio disse que, agora enquanto prefeito, não pode mais tecer alguns comentários para abalar a relação entre Legislativo e Executivo.

“Entenda bem, eu não estou na condição de um deputado ou um líder partidário. E, na condição de prefeito, eu tenho que ter cautela ao comentar essa situação. Porque as repercussões e a ressonância disso pode dar outros efeitos colaterais entre a relação do legislativo e do executivo. Eu deixo que a polícia faça as devidas investigações”, conclui.

A fala do parlamentar gerou controvérsia já que mais cedo, Sargento Joelson, por meio de nota, atribuiu a investigação a uma denúncia supostamente encabeçada por Abilio. 

A operação

A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR), deflagrou, a Operação Perfídia, com o objetivo de investigar crime de corrupção na Câmara Municipal de Cuiabá, envolvendo a empresa responsável pelas obras do Contorno Leste, durante a manhã.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na cidade de Cuiabá, incluindo em gabinetes dos vereadores, além de busca nos sistemas e câmeras de monitoramento da própria Câmara Municipal, onde o crime teria ocorrido.

São 27 ordens judiciais, sendo mandados de busca e apreensão, quebra de sigilo de dados telefônicos e eletrônicos, além de sequestro de bens, valores e imóveis, em desfavor de cinco investigados. Dois alvos são vereadores, que estão sendo afastados do exercício parlamentar por determinação da Justiça. Um empresário e dois funcionários da empresa envolvida são os demais alvos da operação.

As investigações tiveram início a partir de denúncia recebida pela DECCOR em 2024, noticiando que vereadores teriam solicitado, a um funcionário da empresa responsável pela execução das obras do Contorno Leste, propina para a aprovação de matéria legislativa que possibilitou o recebimento de pagamentos devidos pelo município à referida empresa no ano de 2023.

Uma parte dos valores foi depositada em conta indicada por um dos vereadores, e há indícios de que a outra parte tenha sido paga em espécie ao parlamentar, no interior de seu gabinete na Câmara, onde as negociações teriam ocorrido.