Após ter divulgado um grampo onde aparece conversando com o vereador João Emanuel Moreira Lima (PSD) sobre o vídeo em que o parlamentar aparece negociando uma fraude em licitação na Câmara de Cuiabá, o advogado Eduardo Mahon representou na Comissão de Ética da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra o advogado do MCCE (Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral) e gestor governamental, Vilson Nery.
Na representação, ele pede a exclusão imediata de Vilson Nery do Tribunal de Prerrogativas da Ordem, abertura do processo disciplinar contra ele, suspensão das atividades e, por último, a exclusão dele dos quadros da OAB.
Mahon atribui a Nery o vazamento da gravação da conversa com o vereador.
Segundo ele, a conduta do representante do MCCE vai contra a defesa das prerrogativas dos advogados. “O vazamento, além de crime, é uma gravíssima violação das prerrogativas do advogado”, afirmou.
O advogado ainda condenou as explicações de Nery de que o processo contra João Emanuel é público e todos tem acesso. “Mesmo com o processo sendo público, as interceptações ficam acauteladas e não podem ser divulgadas”, colocou
Para o defensor do ex-presidente da Câmara, o advogado do MCCE, ao tomar conhecimento do áudio, deveria acionar a Ordem para retirar as gravações do processo de investigação do Gaeco (Grupo de Ação contra o Crime Organizado). “Vazar estes dados é a última coisa que poderia acontecer. Foi um advogado, advogando contra a advocacia em Mato Grosso”, disparou.
Apesar de considerar ‘um absurdo’ a interceptação e a divulgação do áudio, o jurista descartou pedir a retirada da gravação das investigações do Gaeco. “Não me incomodo até porque não prova nada”, falou.
ÁUDIO
Ontem, o MCCE ingressou com recurso junto ao Tribunal de Justiça com objetivo de retomar suspender a decisão da desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, contra a suspensão o trabalho da Comissão de Ética da Câmara de Cuiabá, que pediu a cassação de João Emanuel. Na decisão, a desembargadora citou que o vídeo que motivou a ação contra o vereador na Comissão de Ética não foi entregue a defesa.
Para retomar com o processo de cassação, que seria votado na terça-feira, o MCCE anexou um áudio feito pelo Gaeco onde o vereador e o advogado falam sobre o vídeo. A gravação foi amplamente divulgada pela imprensa.
A gravação e, posterior publicação do áudio, foi repudiada pela diretoria da OAB de Mato Grosso.
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ALZINO BERNARDES DA SILVA
Quinta-Feira, 17 de Abril de 2014, 14h45