O ex-governador Silval Barbosa era obrigado a ficar pelado antes de prestar depoimentos a então juíza Selma Arruda, da 7º Vara do Crime Organizado de Mato Grosso. A revelação foi dada pelo advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, em entrevista ao canal MyNews.

Kakay, como é conhecido, defendeu o gestor no âmbito das investigações da Operação Sodoma. “Em Mato Grosso tinha uma juíza que falavam que era o Moro de saia. Ela foi cassada por corrupção em um ano. Eu sei, porque fui advogado de um governador do Estado e ela, antes de ouvi-lo, mandava ele para uma salinha e tirava a roupa dele para humilhá-lo, para quebrar a moral dele antes do depoimento”, contou o especialista aos entrevistadores. 

Kakay narrou ainda como Selma era conhecida, a famosa “Moro de saia” de Mato Grosso, comparada ao então juiz Sérgio Moro.  Para o advogado, a atitude da magistrada foi o reflexo de arbitrariedades cometidas pela Justiça contra Silval Barbosa na Operação Sodoma, iniciada em 2015.

“Quando você tem um sistema autoritário, é isso que acontece com o negro e o pobre na periferia, só que não sai na imprensa. Os invisíveis sociais, quando vão depor, são humilhados no dia a dia. Esse governador que foi colocado nu na sala dessa juíza, que felizmente foi cassada por corrupção em menos de um ano, representa uma elite que está sofrendo aquilo que os negros e pobres sofrem no dia a dia e que ninguém ouve falar”, destacou o advogado.

OPERAÇÃO SODOMA

A operação foi uma consequência das investigações da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz-MT), que apurou um suposto esquema de corrupção de agentes do primeiro e segundo escalão da gestão de Silval. Entre os indiciados e denunciados estão o ex-governador Silval Barbosa e os ex-secretários Pedro Jamil Nadaf e Marcel Souza de Cursi. Todos foram presos em setembro de 2015. Os envolvidos respondem por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Juiz da  13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sergio Moro se tornou uma espécie de “herói nacional” e símbolo da anticorrupção no Brasil após prender o presidente Lula (PT) em, em uma das fases da Operação Lava-Jato. Aqui em Mato Grosso, a linha dura contra políticos corruptos da então juíza Selma Arruda lhe garantiu o apelido de “Moro de saias”. Após ganharem repercussão nacional, ambos abandonaram a magistratura e seguiram a carreira política.  A ex-juíza foi eleita senadora em 2018 – inclusive sendo a mais votada que o cacique Jayme Campos(UB), porém em menos de um ano, foi cassada por caixa 2 e abuso de poder econômico, devido à “vultosa quantia de gastos que aconteceram antes da campanha sem a devida contabilização”, segundo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

Atualmente Sérgio Moro, que foi Ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)  e depois rompeu com ele, ocupa uma cadeira como deputado federal, mas corre risco de perde-la, uma vez que o Partido Liberal (PL)entrou com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) para cassar o parlamentar. 

Confira a entrevista completa: