Aliados, amigos e correligionários de Sílvio Fávero, que faleceu no dia 12 de março acometido de covid-19, sustentam a tese de ‘traição política’ conduzida por Gilberto Cattani (PSL), que assumiu a vaga de deputado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
Cattani, que até então sempre se portou como filiado do PRTB, voltou de forma surpreendente para o PSL pouco antes da morte de Sílvio. O presidente do PSL, Aécio Rodrigues, diz que o produtor rural de Nova Mutum já estava filiado no partido desde o dia 22 de fevereiro.
O segundo suplente de Fávero, o médico e empresário Emílio Populo (PSL), entrou com ação contra Cattani alegando que o deputado sempre se posicionou como membro do PRTB e que, de repente, mudou de partido. Cattani nega as acusações e afirma que no dia 13 de fevereiro já havia anunciado em sua página do Facebook a saída da agremiação.
Além de Populo, a questão da suposta incongruência das datas é levantada por apoiadores de Fávero que questionam nos bastidores se a vaga seria mesmo de Cattani. Populo diz na ação que move contra a posse de Cattani que tanto nos dias 13 quanto no dia 27 de fevereiro, em segundo vídeo publicado em sua página no Facebook, Cattani ainda se mostrava como filiado do PRTB. “[No último vídeo] o requerido acusa o deputado Sílvio Fávero de ter comprado o PRTB, colocando na executiva estadual pessoas de sua confiança e que ocupavam cargo no seu gabinete. Registra-se que é mencionado que no dia 13 ele já sabia quem havia ‘comprado’ o PRTB, porém, não podia mencionar o seu nome em razão da ausência de formalização da nova executiva”, diz trecho do pedido de Populo, que é médico e empresário em Juína.
Ele levanta a hipótese de fraude na filiação de Cattani. De acordo com apuração feita pela reportagem, não consta no sistema filiaweb do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), que Cattani seja filiado ao partido. Além disso, a ficha de filiação não foi recebida pelo cartório eleitoral de Nova Mutum, um mês depois da data em que Aécio Rodrigues alega que Cattani foi filiado. O sistema filiaweb indica, na verdade, o parlamentar saiu do PSL em abril de 2020 e que desde então é filiado ao PRTB. “Não só estaremos diante da prática de um ato ilícito, mas de uma conduta imoral, de uma pessoa que se aproveitou da enfermidade de seu semelhante, acometido por um vírus que já ceifou a vida de milhões de pessoas pelo mundo, traindo as suas convicções e manifestações públicas, para consolidar a sua permanência da Assembleia Legislativa que, segundo ele mesmo, não teria importância”, diz a manifestação de Populo.