O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) questionou, nesta quarta-feira (18), a atenção dada aos casos de feminicídio em Mato Grosso, ao afirmar que assassinatos contra homens não têm a mesma repercussão pública. A declaração foi feita nos corredores da Assembleia Legislativa (ALMT), quando ele foi abordado por jornalistas a respeito da escalada de crimes contra mulheres no estado.
“Semana passada, uma mulher matou um homem também a facadas aqui. Pouco se fala sobre isso. Também aconteceu isso em Rondonópolis, não tem muito tempo. Isso é feminismo?”, disse o parlamentar.
Levantamento feito pelo GD com dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, revela que Mato Grosso registrou 18 feminicídios entre janeiro e maio de 2025, um aumento de 28,57% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 14 casos. Não há um estudo que aponte número de homens mortos por mulheres no Brasil, os casos de homicídios masculinos são cometidos pelos próprios homens.
Entre as vítimas do ano passado está a filha do próprio parlamentar, a produtora rural Raquel Cattani.
A empresária foi brutalmente assassinada com 34 facadas em uma propriedade na zona rural de Nova Mutum (264 km de Cuiabá), em julho de 2024. O crime ocorreu durante o processo de separação dela com Romero Machado, ex-marido e acusado de mandar matar Raquel. O irmão dele, Rodrigo Xavier Mengarde, apontado como executor, também foi denunciado.
“Se você olhar quantos homens morrem, também morrem muitos homens. Não é questão de ser minoria ou maioria”, emendou Cattani.
Cattani afirmou que, em sua opinião, casos de feminicídio têm raízes na desestruturação familiar. “É uma coisa fora da regra, é uma coisa fora da curva. Nós temos que ver o porquê que isso acontece. No meu entendimento, é uma questão familiar”, apontou.
Ao comentar sobre os fatores que, segundo ele, contribuem para os crimes passionais, Cattani alegou que relações sólidas poderiam evitar tragédias. “Por exemplo, eu não consigo me ver sem a minha esposa. Minha esposa não consegue se ver sem mim. Nós nos amamos, estamos juntos há mais de 30 anos. Isso tem que ser preservado. Isso tem que ser mantido”, pontuou.
Nesse contexto, Cattani também foi confrontado em relação aos casos, já que grande parte dos crimes de feminicídios ocorrem em processo de separação e respondeu: “Qualquer um tem o direito de acabar o relacionamento. Mas tem que ser de uma forma amigável, uma forma amistosa, uma forma que não aconteça esse tipo de tragédia que acontece como aconteceu conosco”, disse.