Política Sexta-Feira, 26 de Julho de 2019, 17h:25 | Atualizado:

Sexta-Feira, 26 de Julho de 2019, 17h:25 | Atualizado:

SUSPEITAS NO GANHA TEMPO

CGE flagra 105 mil atendimentos "fakes; empresa nega ter recebido

Empresa disse ainda que atendimentos com menos de 30 segundos é uma “falha operacional” dos atendentes

WELINGTON SABINO
Da Redação

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O Governo do Estado voltou a reafirmar que a auditoria realizada pela Controladoria Geral do Estado (AGE) no contrato de parceria público privada com o Consórcio Rio Verde Ganha Tempo SPE S/A que administra sete unidades do Ganha Tempo e m Mato Grosso, de fato, constatou a existência de “atendimentos fakes”. Ou seja, a emissão de 105 mil senhas sem o devido atendimento, já que a empresa recebe por cada um dos atendimentos registrados no sistema eletrônico, sem a certeza de que o serviço foi prestado. 

Um relatório de 180 páginas produzido pela GCE apontou um prejuízo potencial de R$ 400 milhões pelos próximos 14 anos diante de uma série de irregularidades e até fraudes envolvendo atendimentos que duraram menos de 30 segundos. Houve, inclusive, uma recomendação para que o Estado deixe de repassar R$ 250,4 milhões pelos próximos anos à empresa que é de Goiás. 

No último final de semana, o Consórcio Rio Verde Ganha Tempo divulgou nota à imprensa rebatendo a auditoria da GCE na qual afirma que não existiram “atendimentos fakes” com duração abaixo de 30 segundos. Classificou a situação como uma “falácia” sustentando que tudo não passou de uma “falha operacional” dos atendentes, mas já corrigida.

Disse ainda a empresa líder do consórcio, Pro-Jecto, opera em mais de 43 municípios além de Mato Grosso, atendendo também em Minas Gerais com índices acima de 90% de aprovação. Outra alegação da empresa é que o custo por atendimento é de R$ 13,88 e não R$ 19 como apontou a auditoria. 

Nesse contexto, o Governo do Estado publicou uma longa nota nesta sexta-feira (26), reafirmando que a auditoria da Controladoria Geral do Estado resultou em dois relatórios, ambos produzidos este ano, e que “trazem a identificação de irregularidades como a emissão indevida de senhas para efeito de recebimento de contraprestação do Estado, já que o contrato prevê pagamentos à concessionária com base no quantitativo de atendimentos realizados”.  Um dos relatórios revelou que só em fevereiro deste ano 87,8 mil senhas foram emitidas e concluídas em até 30 segundos. 

O contrato com o consórcio foi assinado em 2017 na gestão do ex-governador Pedro Taques (PSDB). O valor inicial da contratação estava em R$ 398 milhões por uma previsão de 29 milhões de atendimentos durante 15 anos (2018-2032). Porém, em maio de 2018, o Ganha Tempo Ipiranga em Cuiabá é aditivado no contrato, passando o valor da PPP para mais de R$ 461 milhões. De acordo com a GCE, o objetivo da auditoria é analisar a execução do contrato e não o processo licitatório. 

A Auditoria Geral do Estado reafirma que valor pago por atendimento é sim de R$ 19. “O valor de R$ 19,35 por atendimento apresentado em um dos relatórios da CGE não é um achado de auditoria, ou seja, não é uma constatação de que o Consórcio faturou o valor para cada atendimento, ao invés dos R$ 13,88 previstos no contrato. Na análise, a CGE demonstra à Administração Pública que o valor efetivo que ela está desembolsando por atendimento não é de R$ 13,88, mas de R$ 19,35, considerando a regra contratual que garante ao contratado o pagamento de no mínimo 80% da demanda prevista e excluindo as 105 mil senhas para as quais não houve atendimento”, consta na nota. 

Diante do novo posicionamento do Governo do Estado, o Consórcio Rio Verde divulgou outra nota na tarde desta sexta-feira.

CONFIRA ABAIXO A ÍNTEGRA DE AMBOS OS COMUNICADOS

NOTA DA CGE

A propósito da auditoria realizada na execução do contrato de parceria público-privada para gestão das unidades do Ganha Tempo, a Controladoria Geral do Estado (CGE-MT) esclarece os seguintes pontos: 

O objeto de auditoria da CGE foi a EXECUÇÃO DO CONTRATO de parceria público-privada firmado em outubro de 2017 entre a então Secretaria de Trabalho e Assistência Social – Setas (atual Setasc) e o Consórcio Rio Verde Ganha Tempo SPE S/A para a gestão das unidades do Ganha Tempo. O trabalho da CGE NÃO SE VOLTOU À ANÁLISE DO PROCESSO LICITATÓRIO, já que outros órgãos de controle já tinham atuação neste quesito. 

A auditoria da CGE resultou na elaboração dos Relatórios de Auditoria nº 22/2019 e nº 25/2019, os quais trazem a identificação de irregularidades como a emissão indevida de senhas para efeito de recebimento de contraprestação do Estado, já que o contrato prevê pagamentos à concessionária com base no quantitativo de atendimentos realizados. 

No período analisado, de março de 2018 a fevereiro de 2019, foram geradas 979 mil senhas nas unidades do Ganha Tempo (o que gerou o faturamento de R$ 16,5 milhões), das quais 105 mil foram consideradas irregulares (senhas inexistentes, replicadas ou não atendidas por desistência do usuário, por exemplo).

No trabalho, os auditores se detiveram principalmente à análise da emissão de 105 mil senhas com registro de tempo de atendimento de até 30 segundos, o que, segundo eles, seria impraticável para os 102 serviços oferecidos nas unidades do Ganha Tempo, ainda que considerando o serviço mais simples.  No caso, as 105 mil senhas com registro de tempo de atendimento de até 30 segundos foram registradas para serviços que, de acordo com dados do próprio sistema do Consórcio, têm média de atendimento de 34 minutos, como: justificativa de voto, negociação de débitos com a Procuradoria Geral do Estado (PGE), emissão de título, solicitação de seguro-desemprego, busca de informações sobre programas sociais da Setasc etc. 

Cabe ressaltar que, das 105 mil senhas, cerca de 60 mil possuem registros de tempo de atendimento de até 15 segundos.

Para calcular o tempo de atendimento, a CGE considerou a partir da chamada eletrônica (no painel). Portanto, os auditores consideraram o tempo total de atendimento desde o CHAMAMENTO DA SENHA. Dessa forma, ainda que o atendente da concessionária tenha incorrido no erro de iniciar atendimento antes de efetuar o comando no sistema, o tempo de 30 segundos apresentado pelos auditores já CONSIDEROU ESSA CONDIÇÃO. 

Os auditores identificaram que 99% das senhas registradas com tempo total de 30 segundos tiveram atendimento avaliado como ÓTIMO, o que determina que 12% das avaliações registradas como ótimas SÃO ORIUNDAS DOS ATENDIMENTOS IRREGULARES IDENTIFICADOS (senhas inexistentes, replicadas ou não atendidas por desistência do usuário, por exemplo). Em um dos relatórios, a CGE traz evidências da fragilidade do registro de avaliação, ao demonstrar que a ferramenta permite ao atendente realizar a avaliação no lugar do usuário dos serviços do Ganha Tempo. 

O valor de R$ 19,35 por atendimento apresentado em um dos relatórios da CGE não é um achado de auditoria, ou seja, não é uma constatação de que o Consórcio faturou o valor para cada atendimento, ao invés dos R$ 13,88 previstos no contrato. 

Os R$ 19,35 a que a CGE se refere é resultado da análise apresentada no relatório para determinar que o incremento de atendimentos irregulares modifica a relação direta entre o PODER CONCEDENTE (Estado) e a CONCESSIONÁRIA. Na análise, a CGE demonstra à Administração Pública que o valor efetivo que ela está desembolsando por atendimento não é de R$ 13,88, mas de R$ 19,35, considerando a regra contratual que garante ao contratado o pagamento de no mínimo 80% da demanda prevista e excluindo as 105 mil senhas para as quais não houve atendimento.

Diante das irregularidades constatadas, a CGE emitiu diversas recomendações à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), atual órgão gestor do referido contrato desde abril/2019. Uma delas é a instauração de processo administrativo para possibilitar a ampla defesa e o contraditório à Concessionária, ação esta que se encontra na fase de instrução.

Por fim, a CGE destaca que tem a convicção do trabalho porque foi realizado de maneira minuciosa, com base em critérios técnicos e com o auxílio de cruzamentos eletrônicos de dados, inteligência da informação e testes presenciais. 

Para efeito de transparência, a CGE informa ainda que os Relatórios de Auditoria nº 22/2019 e nº 25/2019 são públicos. Estão disponíveis no endereço eletrônico www.controladoria.mt.gov.br, no menu superior Auditoria e Controle/Relatórios. 

O contrato 

Oriundo da Concorrência Pública nº 01/2016/SETAS, o Contrato nº 62/2017/SETAS foi assinado no dia 10 de outubro de 2017 com o Consórcio Rio Verde Ganha Tempo SPE S/A para a implantação, gestão, operação e manutenção de 07 (sete) unidades de atendimento do Ganha Tempo, localizadas nos municípios de Barra do Garças, Cáceres, Cuiabá, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Sinop e Várzea Grande, por um período de 15 anos (2018 a 2032). 

O valor inicial da contratação era de R$ 398.707.945,30 para uma demanda estimada de 29.978.041 atendimentos até 2032. Em 11/052018, o contrato foi aditado (inclusão da UGT Ipiranga), passando ao valor de R$ 461.032.821,30 e assumindo uma demanda total estimada de 36.748.821 atendimentos. Em 11/10/2018, o valor por atendimento foi reajustado de R$ 13,30 para R$ 13,88. 

Controladoria Geral do Estado

VERSÃO DO CONSÓRCIO RIO VERDE

NOTA DE ESCLARECIMENTO

O Consórcio Rio Verde, a maior empresa do país neste segmento e responsável pelas 7 unidades em funcionamento do Ganha Tempo em Mato Grosso, vem a público informar que não recebeu nenhum valor indevido referente aos atendimentos identificados como irregulares pelo Governo do Estado de Mato Grosso. 

Os valores desses atendimentos que a CGE considerou irregular foram suspensos pelo Estado, não ocorrendo o pagamento para o Consórcio. Portanto, não há o que se falar em prejuízo.

Os atendimentos divergentes apresentaram curta duração de tempo em razão de falhas no sistema operacional. Essas falhas foram corrigidas assim que o Consórcio tomou conhecimento do ocorrido. 

Além disso, os funcionários identificados conscientes desta prática foram advertidos e os demais colaboradores foram amplamente qualificados para que esse equívoco não retornasse a acontecer.

As unidades do Ganha Tempo de Mato Grosso possuem índice de aprovação de 99%. O custo por atendimento é de R$ 13,30, representando uma economia de R$ 18,70 aos cofres públicos, em relação ao que antes o Poder Executivo gastava com esses serviços. 

 

O Consórcio Rio Verde preza pela seriedade no trabalho, excelência nos serviços e, por isso, garante que todos os atendimentos foram realizados. As provas serão apresentadas na defesa da auditoria aberta pela Controladoria.

 





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Comentários (1)

  • mois?s

    Sexta-Feira, 26 de Julho de 2019, 18h32
  • SIMPLES......... bloqueia os Bens dos sócios, sequestra o saldo do banco, manda prende-los e pronto.. faz-se nova licitação . . . não tem muito que discutir
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