Os documentos apreendidos na residência do ex-secretário de Fazenda, Casa Civil e Copa do Mundo, Éder Moraes Dias, durante a 4ª fase da Operação Araratah, subsidiaram alguns mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos na quinta etapa da operação, deflagrada na manhã desta terça-feira. A revelação foi feita pelo advogado, Otacílio Peron, defensor da Dymac Máquinas Rodoviárias, uma das empresas que foi invadida pela Polícia Federal. “Os documentos citam os nomes de várias pessoas e várias empresas. Então estão pedindo explicações sobre estes documentos”, disse o advogado.
Segundo o jurista, os documentos tratam de uma aquisição de máquinas e equipamentos feita pelo Governo do Estado no ano de 2007 durante a gestão do ex-governador e atual senador Blairo Maggi (PR). Portanto, a ação de hoje tem relação assim como “Escândalo dos Maquinários” que provocou um prejuízo de R$ 42 milhões aos cofres públicos do Estado, em 2010.
Nos documentos, existe uma planilha de empréstimos feitos por empresas junto ao Bic Banco, que Éder foi gerente antes de assumir cargo no Governo do Estado.“Estado comprou grande quantidade de máquinas e as empresas tiveram que pegar dinheiro nos bancos para pagar os fornecedores”, explicou Otacílio.
DELAÇÃO DE JÚNIOR
A relação do Bic Banco com empresários e políticos foi revelada a Polícia Federal pelo empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o “Júnior Mendonça”, alvo inicial da Operação Ararath. Júnior Mendonça usou o benefício da delação premiada para prestar outras informações sobre supostas fraudes, que resultaram na deflagração das outras fases da operação. “É uma continuidade da operação anterior. O Júnior Mendonça colocou que algumas operações financeiras no Bic Banco que eram administradas pelo Éder Moraes”, disse o advogado Ricardo Monteiro, que defende o empresário Ricardo Novis Neves.
De acordo com Ricardo Monteiro, seu cliente foi alvo da operação porque é sócio do empresário Mauro Carvalho numa PCH (Pequena Central Hidrelétrica) na Serra de São Vicente. A PCH teria contraído empréstimo de R$ 14,5 milhões junto ao Bic Banco. “Estão achando que tem lavagem de dinheiro nas operações do Bic Banco. Mas no caso do meu cliente não tem”, afirmou.
Os advogados Huendel Rolim e Murilo Silva Freire confirmaram há pouco a delação de "Júnior Mendonça", mas evitaram dar detalhes. ""Exercendo seu direito de cidadão, tornou-se colaborador premiado. Todos procedimentos foram feitos na maior legalidade e, para preservar as investigações, não dará esclarecimentos", diz em nota o empresário.
A transação financeira teria sido executada com aval financeiro do Estado, o que é proibido. Dezenas de empresários estão na sede da PF em Cuiabá dando explicações: Mauro Carvalho Júnior, Ricardo Novis Neves, Wanderley Torres, João Simoni, Anildo Lima Barros, Pérsio Briante e Altevir Magalhães.
Deflagrada na manhã desta terça-feira, a quinta fase da Operação Ararath cumpre dezenas de mandados e busca e apreensão, condução coercitiva e ainda de prisões. Entre os detidos estão o próprio Éder Moraes e o deputado estadual José Riva (PSD). Eles estão na sede da Polícia Federal em Cuiabá e serão transferidos ainda nesta terça-feira para Brasília.
Desde as primeiras horas da manhã de hoje, agentes da Polícia Federal ainda cumprem mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, Palácio Paiaguás, prefeitura de Cuiabá e até na casa do governador Silval Barbosa (PMDB).
A Operação foi deflagrada baseada em duas decisões. Uma é do STF (Supremo Tribunal Federal), do ministro Dias Tóffili, e outra o juiz federal da 5ª Vara de Cuiabá, Jeferson Schneider.
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