O ex-superintendente do Bic Banco em Mato Grosso, Luis Carlos Cuzziol, agora na condição de delator na Operação Ararath, foi reinterrogado na Justiça Federal nesta quarta-feira (12) em uma das ações penais por crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Ele foi ouvido pelo juiz Jeferson Schneider da 5ª Vara Federal por cerca de 3h30 e respondeu questionamentos sobre empréstimos bancários irregulares na ordem de R$ 12 milhões concedidos à pessoa jurídica Ortolan Assessoria e Negócios Ltda.
A defesa de Cuzziol não deu qualquer detalhe sobre o depoimento. No entanto, o advogado do ex-secretário Eder Moraes, também réu na ação penal, informou que o ex-executivo do Bic Banco passou informações até então desconhecidas no processo. “Ele trouxe novos elementos sim como toda colabaração. Não sei até que ponto isso vai gerar novos desdobramentos na operação”, disse Fabian Feguri, ao confirmar que já pediu que seu cliente Éder Moraes também seja reinterrogado. “Já pedi e já foi deferido. Ficou só do juiz determinar a data”, informou o jurista.
Em relação à delação do Cuzziol, nenhuma audiência foi agendada. Seu acordo de colaboração premiada também não foi juntado nos autos da ação penal que ele foi reinterrogado.
Porém, a expectativa é que a delação seja juntada nos autos, uma vez que a defesa de Éder Moraes oficializou o pedido na audiência desta quarta-feira. Já o delator Luis Cuzziol, por enquanto, não pediu para ser reinterrogado em outros processos da Ararath.
O advogado Rodrigo Batista da Silva, um dos defensores de Cuzziol, desconversou ao ser questionado por jornalistas na sede da Justiça Federal sobre o reinterrogatório. Argumentou que o processo corre sob segredo de Justiça. "Foi só referente ao caso Ortolan. Ele está prestando todos esclarecimentos pra Justiça e contribuindo no que é necessário", disse.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) oferecida em abril de 2017, as provas recolhidas durante a Ararath apontaram que foram praticadas inúmeras operações ilícitas de empréstimos bancários com o conhecimento e colaboração de Luis Cuzziol na condição de representante do Bic Banco. Os empréstimos eram concedidos à empresa Ortolan Assessoria e Negócios Ltda, e tinham como garantia créditos fictícios que a empresa possuía junto ao governo do estado de Mato Grosso, por meio de simulação de prestação de serviços na área de consultoria e assessoria em gestão governamental.
Ainda de acordo com o MPF, a garantia do crédito junto ao governo do Estado foi dada por meio de ofício expedido, sem autuação, pelo então secretário de Fazenda de Mato Grosso, Éder de Moraes Dias. O ofício também não especificava qual era o objeto, muito menos números de notas fiscais ou contrato que pudesse caracterizar e atribuir eventual legitimidade ao suposto crédito da empresa no estado. “Tal fato demonstra que o empréstimo foi concedido sem qualquer avaliação de riscos, de perfil do cliente e da capacidade econômica da empresa mutuária”, afirma o MPF na denúncia.
A delação premiada de Cuzziol deve resultar em novas fases da "Operação Ararath". Ele teria revelado esquemas com construtoras que teriam emprestado dinheiro do banco tendo como avalista o Estado.
rogie
Quinta-Feira, 13 de Junho de 2019, 08h27Mariana
Quarta-Feira, 12 de Junho de 2019, 18h10joaoderondonopolis
Quarta-Feira, 12 de Junho de 2019, 18h03