Na denúncia criminal relacionada a "Operação Sodoma" encaminhada na terça-feira a juíza Selma Rosane Santos Arruda, a promotora da Defesa da Administração Pública e Ordem Tributária, Ana Cristina Bardusco Silva, apresenta uma planilha de 40 pessoas físicas e jurídicas que receberam R$ 1,266 milhão provenientes da suposta extorsão praticada pelos ex-secretários Pedro Nadaf (Casa Civil e Indústria, Comércio, Minas e Energia) e Marcel Souza de Cursi (Fazenda) a mando do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) sobre o empresário João Batista Rosa, dono do grupo Tractor Parks. O dado só foi obtido após o delator entregar a cópia das microfilmagens bancárias aos delegados fazendários da Polícia Civil de Mato Grosso.

Por exemplo, a ex-esposa de Pedro Nadaf, Cibelle de Aguiar Bojikian, assumiu que recebeu oito cheques nominais totalizando R$ 36,8 mil como pagamento de pensão alimentícia e que nunca teve nenhum tipo de contato com o empresário delator. Tratada na denúncia como "amiga íntima" do ex-chefe da Casa Civil, a ex-funcionária da Jucemat (Junta Comercial do Estado de Mato Grosso), Narjara de Barros, recebeu 10 cheques que somaram R$ 35,7 mil.

Em depoimento a Polícia Civil, Narjara negou que tenha feito alguma tipo de negócio com a Tractor Parts. Ela explicou que o valor recebido tratou-se de uma "ajuda de custo para custear despesas próprias, mas desconhecia a procedência dos cheques", sendo que ainda recebeu outros valores da empresa NBC Assessoria e Consultoria, de propriedade de Pedro Nadaf com o filho.

Outros parentes de Nadaf - Yasmin Jamim Nadaf, Jamil Nadaf de Melo, Marcos Moises Nadaf - também receberam cheques da Tractor Parts. Todos deram a mesma linha de depoimento explicando que receberam os cheques de Pedro.

Já o motorista de Nadaf, Marcos Flávio de Oliveira, disse que descontou R$ 54,6 mil na boca do caixa para pagar contas pessoais de Pedro Nadaf. Até mesmo a ex-secretária de Nadaf, Karla Cecília de Oliveira Cintra, usou R$ 4,6 mil em cheques da Tractor Parts para comprar armários para seu apartamento no bairro Consil, em Cuiabá.

Outro ouvido pela Polícia Civil, o empresário de fomento mercantil Francisco Carlos Ferres, explica que os cheques da Tractor Parts depositados em suas contas física e jurídica foram de negociações legais. Ele não soube explicar a origem dos recebimentos.

Filho do senador Blairo Maggi (PR), o empresário André Maggi explicou que recebeu cerca de R$ 15 mil pela venda de um terreno. A mesma tese foi de Gustavo Bongiollo, que recebeu um cheque de R$ 4 mil.

FAZENDA, APARTAMENTO E DÓLAR

Já Terezimnha de Jesus Souza Coelho explicou aos delegados que recebeu 22 cheques no valor de R$ 101,1 mil como parte de pagamento da fazenda "Laura D'Vicunã" que foi vendida ao executivo. Já o empresário Eduardo Durans, dono da Divetur, explicou que vendeu dólares ao ex-secretário para receber R$ 5,3 mil em cheques.

Já o sócio da construtora São Benedito, Omar Benedito Maluf, explicou que recebeu quatro cheques no valor total de R$ 18,2 mil para pagamento de apartamentos comprados por Pedro Nadaf junto a empresa. Na lista, também aparecem 17 cheques no valor de R$ 59 mil para a Vanguard Home Residence, empresa de construção civil.

Já a construtora Plaenge, recebeu R$ 50,753 mil. Foram 11 cheques da empresa do delator.

Na denúncia feita a Justiça, a promotora pede a condenação de Silval, Nadaf, Marcel, Karla e ainda do ex-chefe de gabinete, Sílvio César Correa, e procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho pelos crimes de formação de quadrilha, concussão, extorsão e lavagem de dinheiro com pena de 40 anos para cada, somando 240 anos.