De saída da vida pública, um dos políticos mais experientes de Mato Grosso, o deputado federal Julio Campos (DEM), afirma que está decepcionado com a classe política e não alimenta a esperança de que o atual cenário possa mudar.
“Não dá para esperar nada do Congresso Nacional. Lá, a prostituição é tão grande quanto nas políticas estaduais”, afirma.
Julio Campos, que foi eleito em 1978 para o primeiro mandato de deputado federal, avalia que a representatividade do Congresso Nacional piorou nos últimos anos.
“O Congresso Nacional piorou muito. Fui parlamentar em 78 quando havia dois partidos: Arena e MDB. O Legislativo tinha muito mais seriedade e prestígio. Hoje, querem formar bloco para tomar algum cargo em Mesa Diretora, ministério, autarquias e o resultado é esse aí. Uma corrupção interminável com escândalos como do mensalão e da Petrobrás”.
O sistema político, na visão de Júlio Campos, também está falido, o que tem prejudicado a representatividade. “No Congresso Nacional é assim, ou se elege com dinheiro do sindicato, ou pertence a uma classe rica ou perde a eleição. É necessária uma reforma moral e política e proibir que aquele com 3 ou 4 continue a disputar a eleição”.
Com o discurso crítico, Campos critica ainda as entidades de classe e o meio artístico que, em suas palavras, se vendeu ao PT e aos planos do governo federal.
“A UNE (União Nacional dos Estudantes) está vendida para atender interesses do governo federal. Vivem de concessão de bolsas e benefícios financeiros. Os artistas se venderam por meio da lei Rouanet. O Brasil está apodrecido”.
Campos, que nunca trocou de partido em sua carreira política, observa que não há mais princípios na política, o que tem prejudicado a visão dos populares em relação aos políticos.
“Acabou a coerência política e partidária e acabou a seriedade. Antigamente o cidadão entrava na política com ideal. Pensava em ser prefeito, governador, deputado federal, tinha objetivos maiores. O cidadão entra agora para ficar rico e para roubar. Inventaram uma tal de governabilidade de mentira”.
O enfraquecimento do DEM em âmbito nacional com a perda de representatividade no Congresso Nacional é um dos episódios que revela, em sua visão, a deterioração da classe política mais pautada pelo fisiologismo do que em ideal político.
“Em 2010, o DEM elegeu 48 deputados federais. Agora só temos 22. Aqueles governistas safados do DEM foram para o PSD e o PROS. Partiram para as benesses do poder. Eu nunca concordei com isso. Eu quando fui prefeito eleito sonhava em virar governador. Hoje não, o político alega que precisa apoiar o governo para dar sustentação. Em Mato Grosso é uma anarquia, uma vergonha, por isso essa corrupção desenfreada. Não se tem oposição, quando é necessária ao regime democrático. Hoje a Assembleia Legislativa está de joelhos ao Executivo. Uma deterioração moral sem fim”.
Histórico
Júlio Campos é um dos políticos mais experientes de Mato Grosso. Eleito prefeito de Várzea Grande em 1972, se elegeu deputado federal em 1978 com 40 mil votos em um universo de 210 mil votantes, o que correspondeu a 21% dos votos válidos.
Eleito governador de Mato Grosso em 1982 com 35 anos, em 1986 se elegeu deputado federal participando da constituinte de 88. Em 1990, foi eleito senador da República. Em 2002, tornou-se conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), onde permaneceu até renunciar em 2008 para ser candidato a prefeito de Várzea Grande. Derrotado, veio a ser eleito em 2010 para o terceiro mandato de deputado federal.
Lucas Tavares
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