Indígenas realizaram um protesto em frente ao Fórum de Brasnorte (580 km de Cuiabá) em defesa do prefeito Edelo Ferrari (UB), que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral por comprar votos da tribo com frangos congelados e combustível durante a campanha eleitoral de 2024. A manifestação ocorreu na manhã desta sexta-feira (4).
O grupo cobrou respeito ao voto indígena e ao processo democrático, levando cartazes com frases como “também temos direito de votar”, “respeitem a democracia” e “juiz não gosta de índio”. Um representante chegou a dizer que Edelo, desde seu primeiro mandato em 2020, possui um "legado" ao ajudar os povos originários.
"Esse prefeito hoje está deixando um legado muito grande e ele vai continuar fazendo um bem para nós. Pra isso estamos aqui, pra dizer que não vendemos nosso voto para votar no nosso prefeito, ele conquistou os votos, queremos deixar isso bem claro. Temos um secretário indigena aqui, também somos cidadãos", afirmou à Polícia Militar.
Os agentes foram acionados para conter os ânimos. O representante indígena ainda desabafou que a tribo vem sofrendo ataques da população de Brasnorte após a notícia da cassação de Edelo.
A perda de mandato foi determinada pelo juiz Romeu da Cunha Gomes no âmbito de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE). A decisão também atingiu a vice-prefeita Roseli Borges de Araújo Gonçalves (PSB) e o vereador Gilmar da Obra (UB).
De acordo com a ação, houve abuso de poder econômico nas eleições municipais de 2024, com a suposta compra de votos. Durante a manifestação, os indígenas negaram que tenham recebido qualquer tipo de benefício em troca do voto e afirmaram que o apoio à candidatura de Edelo foi espontâneo, motivado pela postura do gestor em defesa das causas indígenas.
"Nós nunca fizemos isso. Se o prefeito trabalhou honestamente dentro do nosso território, claro que nós vamos apoiar, eles estão trazendo benefícios para comunidade, o vereador também, então estamos vemos o trabalho justo deles e vamos apoiar. Antigamente a gente fazia protesto pra ser ouvido pelo antigo prefeito [Mauro Rui Heisler] e ele não atendia a gente, saia pela porta dos fundos", relembrou.
Eles também alegaram que suas falas não foram consideradas pelo magistrado responsável pelo caso, mesmo após audiência. O grupo ainda denunciou um episódio de desrespeito por parte de uma promotora, afirmando que ela teria rido durante os relatos feitos por representantes da comunidade – o que foi interpretado como sinal de desprezo.
"Muitos estão dizendo que os vereadores e o prefeito tão indo na aldeia comprar votos. Nós estamos sendo atendidos aqui no município de Brasnorte há muito tempo , mas uma situação pegou a nossa comunidade de surpresa. A gente veio reivindicar o nosso direito, temos identidade, CPF, título e decidimos em quem queremos votar e apoiar", defendeu.
Antônio
Sexta-Feira, 04 de Julho de 2025, 19h02