O juiz eleitoral, Jorge Alexandre Martins Ferreira, acatou o pedido da Polícia Federal e prorrogou por mais 120 dias as investigações que apuram possível compra de votos feita pelo deputado federal Emanuelzinho (PTB) e pelo vereador Lilo Pinheiro (PDT) em 2018.
Em sua decisão, o magistrado também retirou o sigilo do inquérito e determinou que a PF prossiga com as diligências para elucidar o caso. As investigações incluem imagens de funcionários da prefeitura, que teriam comprado votos para Emanuelzinho pelo valor de R$ 50.
De acordo com os documentos, a denúncia anônima que chegou ao Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) à época era de que funcionários da subprefeitura do Distrito de Aguaçu, em Cuiabá, estariam também utilizando carros oficiais para fazer campanha.
Segundo a denúncia, cada voto custaria R$ 50 e o eleitor teria que comprovar ter votado no candidato. “Deveria ser indicado quais vestimentas o candidato estaria utilizando na imagem apresentada na uma, no momento da votação”.
O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) monitorou dois funcionários da subprefeitura, que seriam responsáveis por pagar R$ 50 para quem votasse em Emanuelzinho, e em seu primo, o vereador Lilo Pinheiro, que concorria a deputado estadual, conforme os autos do inquérito. De acordo com o relatório da PF, as diligências feitas pelo Gaeco demonstram movimentação (modus operandi) por parte de um funcionário e sua esposa, muito assemelhada à denúncia de compra de votos.
O Gaeco acompanhou a movimentação do servidor na véspera e no dia da eleição, através de fotos e vídeos. “Durante a abordagem, localizou-se lista com nomes, acompanhados de data de nascimento e dados de título de eleitor, aparentemente para controle de compra de votos. Verificou-se ainda que M.P.G. realizava o transporte irregular de eleitores em seu carro”.
Ainda de acordo com o relatório do Gaeco, o funcionário público abordava pessoas que chegavam ao local ou mantinha constante diálogo com outros eleitores que permaneciam na escola no aguardo para votar. Após a saída de algumas pessoas das seções eleitorais, na maioria das vezes as mesmas que o investigado manteve contato antes da votação, “se deslocavam nas proximidades do local para onde estava localizado o veículo Fiat Punto Prata, pertencente ao investigado M.P.G.“.
Procurado o deputado Emanuelzinho negou qualquer irregularidade em sua campanha, mas defende a investigação. ‘Faço questão que investiguem. Investigando, vai ficar evidente não haver qualquer envolvimento de minha parte’, disse.