O governador Mauro Mendes (DEM) se posicionou sobre o pedido de investigação feito pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), contra o delegado da Polícia Judiciária Civil (PJC), Eduardo Botelho, que atua na Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). 

O chefe do Poder Executivo de Mato Grosso lembrou que outras instituições, como Poder Judiciário e o Ministério Público do Estado, vêm avalizando os inquéritos policiais contra membros da gestão Emanuel Pinheiro.

Referindo-se ao desafeto político como “Paletó”, Mendes indagou se somente Pinheiro está certo – e todos os outros “errados”. “Ele deveria pedir também uma intervenção no Judiciário que mandou afastar, no Ministério Público que pediu o afastamento. Quer dizer, estão todos errados: a Polícia está errada, o Ministério Público está errado, o Judiciário está errado e só o Paletó está certo?”, indagou o governador de Mato Grosso.

Emanuel Pinheiro alega na representação contra o delegado uma suposta “perseguição política” a aliados do primeiro escalão do Palácio Alencastro. Recentemente, dois secretários municipais da Capital foram afastados após investigações da PJC. Luiz Antônio Possas de Carvalho, que comandava a pasta da Saúde, deixou o staff da prefeitura em outubro de 2020, durante a deflagração da operação “Overpriced”, que apura um superfaturamento na aquisição de medicamentos.

Em maio de 2021, o ex-secretário de Mobilidade Urbana da Capital, Antenor de Figueiredo, foi alvo da operação “Sinal Vermelho”, também da PJC, sendo afastado por supostas irregularidades na aquisição de um sistema de semáforos.

Neste sentido, Mauro Mendes lembrou ainda que outros três secretários municipais, desde a primeira gestão de Emanuel Pinheiro em Cuiabá, também já foram afastados após serem alvos de investigações – Huark Douglas Correia (Saúde), Alex Vieira Passos (Educação) e Marcus Antônio Brito (ex-Procurador Geral de Cuiabá).

“Essa é uma tática antiga, não vou entrar no mérito de pessoas que são acusadas. O prefeito coleciona uma triste estatística: cinco secretários afastados”, lembrou Mauro Mendes.

O governador de Mato Grosso, que disputa o curral eleitoral da Baixada Cuiabana contra Emanuel Pinheiro, também garantiu que nunca interferiu na PJC e que as investigações devem ser feitas contra todo aquele que é suspeito, “doa a quem doer”. “Eu, Mauro Mendes, como governador do Estado, nunca interferi em lugar nenhum. Sempre dei autonomia para que a nossa Secretaria de Segurança e a Polícia Militar e Civil pudessem trabalhar corretamente [...] Confio muito nas nossas forças de segurança e acredito que elas têm o dever e vão continuar cumprindo o seu dever de fiscalizar doa a quem doer, contra quem for”.

O termo “Paletó”, utilizado por Mendes para se referir ao prefeito de Cuiabá, é uma alusão ao episódio em que o então deputado estadual Emanuel Pinheiro foi gravado por uma câmera oculta no gabinete de Silvio César Correa, homem de confiança do ex-governador Silval Barbosa. Nas imagens, que foram ao ar durante uma reportagem do Jornal Nacional de agosto de 2017, Pinheiro aparece guardando maços de dinheiro nos bolsos do paletó de seu terno. Os recursos seriam uma suposta propina, paga a parlamentares, para "apoiar" a