A demora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em liberar a vacina de fabricação russa, Sputnik V, para uso no Brasil foi duramente criticada pelo governador Mauro Mendes (DEM). Ele faz parte do grupo de 12 governadores que se uniram em dois consórcios (da Amazônia e do Nordeste) para comprar direto de um fundo russo 37 milhões de doses do imunizante. Porém, ainda não conseguiram autorização para importar a vacina por causa de uma série de dificuldades colocadas pela autarquia federal. 

Mendes interpreta a demora da Anvisa como uma ação proposital para "boicotar" a compra dos imunizantes feita por governadores do Norte e Nordeste, já que o Governo Federal, representado pelo presidente Jair Bolsonaro, não tomou a frente da situação. Conforme ele, o Governo de Mato Grosso comprou 1,2 milhão de doses da Sputnik, o que seria uma "redenção" para o Estado, pois conseguiria vacinar muitas pessoas. A previsão era que o embarque do primeiro lote fosse feito no dia 20 de abril. 

"Mas até agora não tivemos a aprovação da Anvisa, é lamentável. Nós fizemos uma reunião um dia desses com 12 goveradores e toda a diretoria da Anvisa. Foram 4 horas de reunião, chegou um ponto que eu perdi a paciência e falei: gente pelo amor de Deus só diga pra nós o que tem que ser feito e nos ajude a resolver, estamos no meio de uma guerra contra o vírus e não podemos ficar nos apegando em burocracias. Se falta algum documento diga claramente qual é e nos ajude, ajude os brasileiros que vão receber essa vacina", disse Mauro Mendes em entrevista à Rádio Capital FM, na manhã desta terça-feira (13). 

Num primeiro momento, o Governo federal mostrou interesse em pagar pelas 37 milhões de doses da vacina russa para incluir no Plano Nacional de Imunização (PNI), pois é sua obrigação distribuir vacinas para todos os Estados. No entanto, isso também não se concretizou.

Por isso, Mauro Mendes lembra que se os governadores acabarem pagando pelo insumo, eles não vão aceitar que o imunizanate seja incluido no PNI, pois nesse caso, cada Estado deverá ficar com as doses que adquiriu. 

Contudo, ainda não previsão de quando a autarquia vai liberar a importação do imunizante russo. "A gente está nessa briga com a Anvisa e vamos torcer pra que a gente consiga vencer essa queda de braço para o bem de milhões de brasileiros, que serão vacinados mais rapidamente e os mato-grossenses também. Mas eles não tem pressa, infelizmente".

Para Mauro, não está descartada a interferência política na agência. "A Anvisa é um órgão do Governo Federal, então ai os brasileiros façam as suas conclusões. Infelizmente não deveria estar tendo essa demora. A lei é muito clara, entrou lá teria que liberar com 72 horas e até agora não liberou, ai fica alegando que está faltando documento", criticou.

Para o gestor, essas dificuldades e burocracias são intencionais por parte do Governo Federal, sob o comando de Jair Bolsonaro.  "Os técnicos que estão trablhando junto com a Anvisa representando todos esses estados, tem hora que eles dizem que sentem uma má-vontade, de não querer liberar porque foi uma compra feita por governadores. É ridículo isso, é um absurdo isso, mas vamos continuar insistindo e se Deus quiser vamos continuar botar essas vacinas aqui no Brasil". disse Mendes. 

Nesta segunda-feira (12), a Anvisa  informou que a visita às instalações da fábrica da vacina contra covid-19 Sputnik V foi adiada a pedido do Fundo Soberano da Rússia, responsável legal pelo imunizante. Dessa forma, foi adiado para 19 de abril o início da vistoria, que estava previsto para o dia 15( próxima quinta-feira). Esse procedimento deve durar cinco dias e integra o protocolo para liberação do uso de uma vacina no Brasil.