Preso por tortura, delegado de MT se declara fã de Bolsonaro nas redes sociais

 

O delegado da Polícia Judiciária Civil (PJC), Edison Pick, é fã do candidato a presidência Jair Bolsonaro (PSL), compartilha fake news nas redes sociais. Ele foi preso na manhã desta terça-feira pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), nesta terça-feira (16), acusado de tortura.

Além do delegado, outros dois investigadores da PJC também foram presos pelo Gaeco. Os três servidores públicos são suspeitos do crime de tortura. As prisões ocorreram no âmbito da operação “Cruciato”.

Ao consultar a página do Facebook do delegado, é possível constatar que ele fez um post no último dia 12 de outubro declarando seu apoio a Jair Bolsonaro – candidato que durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, fez elogios ao ex-coronel do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, famoso torturador da ditadura civil/militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. Ustra faleceu em outubro de 2015.

Num outro post, do dia 6 de setembro, ele compartilha uma imagem de um homem fumando um cigarro de maconha com a mensagem: “faço parte da turma que nunca fumou e não sente vontade de fumar maconha”.

Já no dia 5 de maio de 2018, Edison Pick compartilhou um post do cantor Zezé di Camargo (da dupla Zezé di Camargo e Luciano), com os seguintes dizeres: “Nunca houve ditadura no Brasil” – atribuída ao próprio artista -, que é completada com a frase: “o que houve foi repressão contra vagabundo”. A página da rede social do qual o post foi compartilhado se chama “Exército Bolsonaro”.

As chamadas fake news – do inglês “notícia falsa”, que vem tendo papel de destaque nas eleições de 2018 -, também são compartilhadas pelo delegado da PJC. No dia 3 de agosto deste ano, ele compartilhou um vídeo da página “Fatos Policiais” e que continha a descrição: “Olha ai o Açaí que você toma, veja como é envasado... com chulé junto kkkkkk... Marca seu amigo que gosta de Açai”.

O vídeo mostra pessoas numa espécie de “poça”, descalças, e que estariam “estocando” a fruta em condições anti-higiênicas e sanitárias. A gravação, no entanto, é mais uma fake news e refere-se ao cultivo de minhocas em campos de arroz, na Indonésia.

MONGE BUDISTA

Na página do delegado de polícia há até um post sobre o monge budista tibetano Dalai Lama. “As pessoas foram criadas para serem amadas; Coisas foram criadas para serem usadas. A razão pela qual o mundo esta um caos, é que as coisas estão sendo amadas e as pessoas, usadas”, diz a mensagem.

OPERAÇÃO

A operação “Cruciato” foi deflagrada pelo Gaeco nesta terça-feira e investiga práticas de tortura na comarca de Colniza.  

“As investigações estão em curso e apuram a prática de crimes de tortura cometidos pelos implicados na comarca de Colniza. Os cumprimentos dos mandados de prisão contam com o apoio e acompanhamento integral da Corregedoria Geral de Polícia Judiciária Civil do Estado de Mato Grosso”, diz trecho de uma nota distribuída pelo Ministério Público Estadual (MPE-MT), coordenador do Gaeco.

Em nota, a PJC informou que prestou apoio ao Gaeco mas que ainda não teve acesso ao teor das investigações. Confira abaixo a nota na íntegra.

“A Corregedoria Geral da Polícia Judiciária Civil prestou apoio ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO), na manhã desta terça-feira (16), no cumprimento a mandados de prisão em desfavor de um delegado de polícia e dois investigadores lotados na Delegacia de Colniza.

As ordens judiciais foram requisitadas pelo Ministério Público de Colniza.

A Corregedoria da PJC não teve acesso prévio ao teor da denúncia da Promotoria, no entanto, deu início às diligências para apurar os fatos no âmbito administrativo disciplinar”.