A secretária municipal de Saúde de Cuiabá, Suelen Alliend, rebateu as informações divulgadas pelo ex-secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo nesta semana.
“O secretário de Estado sequer conhece a realidade da saúde pública de Mato Grosso quando afirma que a SES montou 600 novas UTIs Covid. Quem montou os leitos e disponibilizou os serviços foram os municípios, com recursos federais. O Estado apenas complementou parte do valor do custeio com aproximadamente 20% do total por leito, tanto que só houve publicação de decreto e portaria estabelecendo esses recursos somente em julho de 2020 e a nota técnica sobre os critérios para conseguir esses recursos foi publicada em setembro de 2020. Os municípios, por sua vez, já estavam atendendo desde março de 2020, arcando com recursos próprios todos os elevados custos para manutenção dos serviços, papel este que seria de competência do Estado, que não conseguiu dar o apoio e fortalecimento aos municípios. Estes, só receberam repasses desse cofinanciamento em 2021, quase um ano após a disponibilização e funcionamento dos leitos, o que prejudicou muito toda a rede assistencial de saúde principalmente a de Cuiabá”, afirmou Suelen.
O Estado apenas montou 253 leitos nos hospitais estaduais e regionais sob sua gestão, conforme demonstra o painel epidemiológico nº 387 de 30/03/2020 do site da SES (link: downloads/painel-epidemiologico-387-[502-310321-ses-mt].pdf ) sendo: 50 leitos no Hospital Estadual Santa Casa, 18 no Hospital Regional de Água Boa, 10 no Hospital Regional Irma Elza Giovanella, 10 no Hospital Regional de Peixoto de Azevedo, 29 no Hospital Regional de Sinop, 02 no Hospital Regional de Sorriso, 10 no Hospital Regional Dr. Antonio Fontes, 35 no Hospital Regional Hilda Strenger Ribeiro, 89 no Hospital Estadual Lousite Ferreira da Silva (Hospital Metropolitano). Os demais leitos foram montados pelos municípios. Os dados são públicos e podem ser consultados.
O município de Cuiabá montou e disponibilizou 138 leitos de UTI adulto e 15 leitos de UTI pediátrica, totalizando 153 leitos. Foram eles: 60 no Hospital São Benedito, 80 UTIs adulto no antigo Pronto Socorro e 15 UTIs pediátricas, além de 08 no Hospital Julio Muller, sendo este hospital referência para gestantes de alto risco com Covid, a única para gestantes com Covid dentro do Estado. A capital disponibilizou também o Hospital Municipal de Cuiabá – HMC, que foi a única unidade de alta complexidade para atendimento de urgência e emergência do estado todo, além do Hospital Geral, referência em cardiologia e outras especialidades.
CENTRO DE TRIAGEM
Em relação ao Centro de Triagem aberto na Arena Pantanal, a secretária municipal afirma que era mais do que obrigação do Estado abrir, pois recebeu os recursos para montagem de centros de testagem no teto do Estado. “O Centro de Triagem não foi aberto para Cuiabá, e sim para atender todas as cidades, porque mais uma vez o Estado não conseguiu fortalecer os municípios para montarem os Centros de Testagem. Cuiabá abriu 02 Centros de Testagem exclusivos, disponibilizou unidades exclusivas para atendimento a Covid com horário estendido, além de todas as UBS, UPAs e Policlínicas realizando atendimentos a covid e demais patologias, além de disponibilizar exames de imagens para todos os pacientes atendidos no Centro de Triagem estadual”, revelou.
SANTA CASA
A secretária Suelen ainda rebateu a fala do ex-secretário quando ele afirmou que “o Estado reabriu a Santa Casa, que a Prefeitura deixou fechar”. “O secretário mais uma vez demonstra desconhecimento, pois a Santa Casa era uma unidade hospitalar privada, pertencente à Sociedade Beneficente Filantrópica, que possuía contratualização com o município de Cuiabá. O local era referência nos serviços de média e alta complexidade em cardiologia, oncologia adulto e pediátrica, ortopedia, cirurgia pediátrica e cirurgia geral. Após essa unidade enfrentar crise administrativa e financeira, o Estado fez a requisição administrativa do hospital e o que já não estava bom ficou muito pior. Hoje a unidade não funciona nem com 20% da sua capacidade operacional instalada. Não temos de forma transparente as informações sobre quais serviços hoje estão sendo realizados na Santa Casa e nem os fluxos de referência dessa unidade, mesmo sendo solicitado e pautado por várias vezes nas reuniões do Cosems e da CIB”, disse Suelen.
HOSPITAL METROPOLITANO
“Em relação ao Hospital Metropolitano, que era referência em neurologia, ortopedia e cirurgias bariátricas, após a pandemia essa importante unidade, que conta com uma grande estrutura e vários leitos de UTIs e enfermarias, também não opera mais na sua totalidade. Isso é lamentável, pois duas importantes unidades estaduais dentro da Baixada Cuiabana, como Santa Casa e Metropolitano, que poderiam estar salvando vidas da população do estado, estão vazios e com produção mínima, enquanto as redes Secundária e Terciária de Cuiabá estão enfrentando dificuldades com super lotação, e vêm fazendo o papel que seria do estado, atendendo aproximadamente 60% de pacientes de todo o interior, porque o estado não consegue fortalecer as regionais de saúde e não consegue fomentar e viabilizar as especialidades para as regiões de saúde, para que os pacientes não tenham que se deslocar por mais de mil quilômetros para serem atendidos aqui na capital, descumprindo totalmente o que dispõe o Decreto Federal 7.508 sobre a organização, regionalização, e mapas de saúde”, ressaltou a secretária.
PEDIDO DE INTERVENÇÃO NA SMS
Suelen ressaltou que chega a ser um deboche quando o ex-secretário cita que Sindicato dos Médicos pediu a intervenção do estado aqui em Cuiabá. “A capital vem enfrentando muitos problemas na rede de saúde, porque estamos fazendo o papel do Estado. Além de não recebermos quase nada de ajuda do governo estadual, os papéis foram invertidos, pois é Cuiabá que resolve a saúde que o Estado não resolve. É Cuiabá que atende as demandas das regionais de saúde. É Cuiabá que recebe as demandas dos sofridos secretários de outros municípios, que clamam por melhorias. É um absurdo ter que ouvir isso. O Sindicato dos Médicos está com discurso eleitoreiro, enquanto deveria estar atuando na sua finalidade, que é ajudar a resolver o problema e não espalhar inverdades sem nenhuma responsabilidade. O Sindicato dos Médicos irá pedir intervenção no estado? Porque o estado também não realiza concurso público há quase 20 anos e mantém em seu quadro de servidores contratos temporários. Isso inclusive já foi objeto de crítica do próprio Sindmed. Será que o Sindimed irá pedir a execução do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) nº 001/2019, assinado em 27/05/2019 com o Ministério Público na 7º e 13º promotoria?”, indagou.
A secretária reconhece os problemas que Cuiabá enfrenta, e informa estar tratando minimamente cada um deles com bastante responsabilidade e muita transparência na condução com toda sua equipe. Ela diz que se o governo estadual ajudasse Cuiabá, ele estaria se ajudando. “Sem sombra de dúvida se Cuiabá tivesse apoio da gestão estadual, o estado resolveria 70% de todos os problemas de saúde de Mato Grosso, porque é Cuiabá que atende o estado. Sofremos uma grande descarga na capital, porque os hospitais regionais hoje estão um verdadeiro caos, não realizando sequer as cirurgias eletivas e procedimentos de média complexidade. Estamos recebendo toda a alta complexidade aqui e temos serviços onde somos a única referência estadual. Se fizéssemos somente o que é de nossa responsabilidade e competência, não estaríamos enfrentando esses problemas”, pontuou Suelen.
Ela destacou ainda os avanços da rede municipal, como entrega de novas unidades de saúde de Atenção Primária, totalmente climatizadas, trazendo mais conforto aos profissionais e usuários e também reformas em várias outras unidades de saúde. Já foram realizados dois processos seletivos para admissão de pessoal. Enfatizou também sobre o avanço do concurso público da saúde de Cuiabá, que será um dos maiores concursos já realizados e que já está em tratativas finais. Falou ainda sobre o retorno da realização de cirurgias eletivas. “Voltamos a realizar as eletivas neste mês, e até a presente data já foram feitas mais de 500 cirurgias. A expectativa é de tirar 12 mil pessoas da fila de espera, não só de Cuiabá mas dos 141 municípios do estado”, concluiu.
Joao
Sábado, 27 de Agosto de 2022, 13h56