Senador cobra investigação em cooperativa de "barão" suspeita de sonegar R$ 1 bilhão em MT

 

O senador eleito Jayme Campos (DEM) cobrou de órgãos como Tribunal de Contas, Polícia Federal e Ministério Público a abertura das investigações para apurar a denúncia formalizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que constatou a sonegação de impostos por parte da Cooperativa Agroindustrial de Mato Grosso (Cooamat), ligada ao empresário Eraí Maggi (PP). Segundo relatório da CPI, aprovado em janeiro de 2015, a sonegação de impostos por parte do “Rei da Soja” é de cerca de R$ 1 bilhão.

Indignado, Jayme destaca que a CPI apontou as irregularidades cometidas que demonstram que a empresa burlou o fisco estadual e federal. O democrata ainda comenta que é necessária uma resposta para sociedade que acompanhou o caso. “Está mais do que na hora de reabrir as investigações. É uma situação esdruxula!”, disse ele em entrevista ao Resumo do dia, nesta segunda-feira (15), em Cuiabá. 

Jayme reforça denúncia e diz que a cooperativa além de irregular era composta até por membros da mesma família. “Aonde já se viu cooperativa, mãe, filho, sobrinho, cunhado, só de família. Sabe qual é o rombo que essas cooperativas deram aqui para no Estado. Só uma que eu conheço é mais de R$ 1 bilhão de reais e está levantado ai. Isso está denunciado no Ministério Público”, pontuou o senador eleito.  

De acordo com relatório da CPI, instaurada em 2014 para investigar a fraude, o empresário Eraí Maggi (PP), proprietário do Grupo Bom Futuro, atuava como “dono da Cooamat”. As investigações apontaram que 78% das movimentações financeiras da cooperativa eram feitas por ele ou suas empresas. 

A sonegação ocorre porque as cooperativas têm alíquota diferenciada em relação as grandes empresas. Desta forma, Eraí simulava se passar por pequeno produtor que se associou a uma cooperativa para pagar menores impostos ao Estado. 

A CPI ainda constatou que a sede da cooperativa era no grupo Bom Futuro. Os cooperados eram funcionários da empresa e não havia a adesão de novos cooperados, o que não era permitido.

O texto foi encaminhado para  Delegacia Especializada da Fazenda Pública Estadual (Defaz), Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPE), Polícia Federal (PF) e Receita Federal. Também foram apontados no relatório, que desde a constituição da cooperativa, muitas irregularidades, como simulação e fraude, no processo de aquisição de insumos, na venda de mercadoria de exportação, foram detectadas. No entanto, quatro anos após a conclusão dos trabalhos da CPI, as investigações não avançaram pelos órgãos de controle.

DEFESA DA TAXAÇÃO

No começo da semana, Jayme teceu duras críticas ao setor do agronegócio e afirmou que os “barões do agronegócio” devem pagar impostos. Ele revela que os empresários justificam que exportam, mas esquecem de que boa parte deste valor fica no mercado interno. 

Jayme não ameniza para os grandes produtores e dispara que é necessário que eles paguem normalmente os impostos como qualquer outra pessoa.“Se fizer isso, nosso problema estará resolvido”, disse.