O advogado Antonio João Carvalho entrou com um processo contra o colega Pedro Pereira de Souza, acusando-o de calúnia e difamação durante uma sessão da Primeira Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça (TJMT). O caso ocorreu em 1º de abril de 2025, quando Pereira o associou a diversos crimes, incluindo o assassinato do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato Nery. 

O julgamento do dia 1º de abril foi marcado por um bate boca entre os advogados, que representavam partes distintas de uma disputa de terras. Após sustentação oral de Carvalho, foi dada a palavra a Pereira, que fez acusações não só contra o colega, mas ao próprio Judiciário de Mato Grosso, que vem sofrendo denúncias de “venda de sentenças” que se intensificaram nos últimos anos.

“Nós precisamos fazer algumas pontuações porque quando eu vejo um colega sustentar numa tribuna com ofensas à parte contrária, primeiro porque ele não tem o direito, segundo porque não foi essa parte, não foram os advogados dessa parte, que sumiram com documentos de processo, dentro deste tribunal, que tem até hoje PAD buscando responsabilidade pessoais de funcionários deste tribunal”, começou Pereira.

O advogado seguiu com as acusações, quando associou seu colega às investigações da morte de Renato Nery, ocorrida em julho de 2024. “Não é à toa que nós vemos a polícia batendo dentro de escritório, e fazendo busca e apreensão, e tendo como nome na praça inteira conhecido como ‘Escritório do Crime’”, disparou.

Antonio João Carvalho foi um dos alvos da operação “Office Crime”, que deflagrou uma das fases em fevereiro de 2025, sofrendo um mandado de busca e apreensão. Entre as suspeitas da suposta organização criminosa investigada está justamente a morte do advogado Renato Nery, comandada por um “Escritório do Crime”.

Ao fim das acusações, Carvalho pediu a palavra, chamando seu colega de “criminoso”, avisando ainda que ele iria responder na justiça pela sua manifestação. Em seu processo contra Pereira ele classifica as declarações como infundadas e fora do contexto processual, caracterizando abuso de direito. As acusações seriam falsas e configurariam crimes contra a honra, segundo sua defesa.

Além da ação criminal, Carvalho ingressou com pedido de indenização por danos morais no valor de R$ 50 mil. A OAB-MT foi notificada para avaliar possível infração ética por parte do réu.

A morte de Renato Nery está envolvida numa nebulosa trama, que também conta com disputas de terras. Desembargadores do TJMT, e até mesmo policiais militares do Bope, estariam por trás do crime.