Cidades

Domingo, 18 de Julho de 2021, 13h18

MIGRAÇÃO

Baixo nível do Cuiabá leva pescadores para outros rios de MT

GAZETA DIGITAL

 

O baixo nível do rio Cuiabá e a dificuldade para a pescaria vêm mudando a rotina de pescadores da Baixada Cuiabana fazendo com quem procurem alternativas em outros rios do Estado. Profissionais contam que em uma semana de trabalho pegavam de 300 a 400 quilos de peixe, enquanto hoje trabalham o mesmo período de tempo para conseguir no máximo 40 quilos de pescado.

Um dos principais pratos da cozinha cuiabana, o peixe é para milhares de famílias, também a principal fonte de renda. Além disso, na falta das espécies nativas da região, outras são inseridas no comércio da Capital, vindas de outros estados.

Trabalhando há 25 anos com peixe, Sebastião Humberto da Silva é comerciante na Feira do Porto e também pescador. Tem na venda do pescado a sua fonte de renda e o sustento da família (mulher e quatro filhos). Mas, a atividade que sempre lhe rendeu frutos, nos últimos anos tem decepcionado. “Este ano piorou muito a situação. Mesmo comprando para revender está difícil. Não tem peixe! Há três meses não vem nada do rio Cuiabá e com isso, somos obrigados a abastecer a venda com peixes de tanque. Pacu, peraputanga e pintado, que são os mais procurados, não têm”, lamenta.

O pescador fala da dificuldade, lembrando que não nem o lambari (comuns nos rios, lagoas, córregos e represas, além de serem usados como iscas na pesca de peixes maiores) são encontrados. “Mesmo assim os pescadores vão todos os dias para a beira do rio”.

Ele lembra na falta do pescado até para a alimentação diária, boa parte é obrigado a comprar peixes de tanque (tambatinga, tambacu, pacu) para revender em determinados pontos da cidade e, assim, garantir uma renda. O diferencial está em pegar o produto, limpar, realizar os cortes para garantir a revenda, segundo Sebastião.

A feira do Porto é um dos locais onde há maior concentração de vendedores de pescado, com uma média de 28 boxes. Grande parte dos trabalhadores reclamam da falta do produto. “Já tivemos muita fartura de peixe, mas antes da Usina de Manso. Trabalho com isso desde os 7, 8 anos. Sou filho de pescador e, nunca vi tanta escassez como agora. O nível do rio tá cada vez mais baixo e a pescaria em degradação”, confirma Márcio Barbosa da Silva, pescador desde a infância.

Os rios Bugres e Paraguai, no município de Barra do Bugres (176 km de Cuiabá) são rotas alternativas dos pescadores da Capital. Márcio destaca que alguns pescadores mais ousados chegam a se deslocarem até outros estados. Eles conseguem peixe, mas as espécies não são as tradicionais vendida no Mercado do Porto, na Capital.

Comentários (3)

  • Cidadão Matogrossense  |  19/07/2021 06:06:40

    Pesque e solte já, com proibição da pesca comercial. E nem precisaria de proibição na piracema, quando a falta de movimento no Rio faz com que redeiros intensifiquem a pesca. Seria bem vinda também a repovoação. E fiscalização, óbvio.

  • Orlando |  18/07/2021 22:10:19

    Talvez seja mesmo uma oportunidade de criação de uma lei para proibir a pesca nos Rios de Mato Grosso por determinado período!

  • João bicudo |  18/07/2021 17:05:12

    Cenário triste e que não vai mudar a curto prazo, penso que é hora de se ter um período de proibição total da pesca pois o pouco que resta não vai fazer a diferença da renda buscada, Mas vai fazer falta na procriação futura podendo exterminar algumas espécies mais pescadas, é hora da consciência e ação do poder público, já estão atrasados no que se pede

Confira também: Veja Todas