Cultura

Domingo, 25 de Maio de 2025, 21h08

Teatro cuiabano luta para sobreviver sem investimento

GAZETA DIGITAL

“A gente aprendeu teatro, fazendo teatro”, conta a professora e produtora Claudete Jaudy, 67, que atuando com arte desde os 17 anos, viu a classe se reinventar e modernizar para chegar ao patamar que se está nos dias de hoje, tentando ainda, sobreviver às dificuldades financeiras que a classe enfrenta.

Ela contou que passou por diversos grupos de teatro, como o Nitella e o Gambiarra, mas foi no segundo que ela fez história. "O Gambiarra é um grupo enorme, com 16 pessoas nos anos 80 ele fez história. Nós fazíamos teatro de rua, fazíamos animação, era um grupo de resistência, um grupo que queria mudar o mundo, a história do Gambiarra todo mundo conhece”, descreveu.

Formada em Letras, ela sempre precisou de um emprego fixo para conseguir se sustentar, já que mesmo tendo o teatro como forma de extravasar, ele nunca foi capaz de suprir suas necessidades financeiras. “Eu ia para o teatro porque era minha válvula de escape, era minha paixão. Eu nunca larguei ele, mas sempre tive que trabalhar com outra coisa para conseguir me sustentar. Eu fui professora por 25 anos até me aposentar, antes de ser professora eu trabalhei em administração de órgão publico, mas sempre estive presente no teatro, seja atuando ou nos bastidores”, explicou.

Ela explica que atualmente, é preciso pagar o artista, que se profissionaliza em uma escola de teatro, ou seja, é mais caro. “Hoje o teatro é uma profissão, a pessoa tem que correr atrás e trabalhar em cima disso, antigamente não existia escola, a gente fazia cursos e aprendia teatro, fazendo teatro”.

Mesmo com o passar dos anos, Claudete conta que a questão financeira sempre foi a maior dificuldade para quem quer viver do teatro, e que a busca por patrocínio se tornou primordial para conseguir fazer as ideias saírem do papel. “A maior dificuldade é a gente conseguir dinheiro para montar uma peça. Na minha época, nos anos 80, era mais fácil, que a gente era um grupo enorme. A Terezinha Ruda, ela tinha um canal, patrocinava a gente, viajava, éramos estudante e com o espírito aventureiro e não tinha muita coisa. Hoje em dia tá mais profissional, ainda mais com essa lei. Quem não consegue entrar na lei fica um pouco difícil, porque pós-pandemia o patrocínio ficou um pouco escasso”, relatou.

Com livros publicados, a artista conta que atualmente trabalha escrevendo peças e quando convidada, participa de duetos, transformando poesia em drama. “Antes da pandemia, eu estreei a peça 'No Domingo Ele Vem Nos Visitar', que é de Eduardo Marrom, que precisou parar. Ai após a pandemia nós colocamos ela de novo em cartaz no Cine Teatro, mas agora estamos buscando verba para conseguir transformar essa peça em filme”, conta.

Claudete enfatiza que a cultura do teatro cuiabano é maravilhosa, mas acredita ser necessária uma maior divulgação para atrair o público, que, por vezes, ainda é escasso. “Eu acho que precisa a gente divulgar muito. Porque tirando o Nico e Lau, os outros continuam batalhando, e temos peças maravilhosas aqui. Tem grupos maravilhosos na produção. Então, eu vejo, precisamos estar batendo duro no público, para que ele venha nos ver. Porque o movimento tá começando a melhorar, mas acho que temos que incentivar mais

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