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Sábado, 05 de Julho de 2025, 09h00

POLÊMICA

Globo é acusada de racismo contra ciganos em cena de novela

O DIA

 

A novela "Êta, Mundo Melhor" estreou nas telinhas da Globo no último dia 30 de junho e já está causando polêmicas. Organizações que representam a comunidade cigana no Brasil divulgaram um comunicado conjunto manifestando indignação com os estereótipos negativos apresentados na obra de Walcyr Carrasco e Mauro Wilson.

Logo no primeiro capítulo do folhetim, a personagem Carmem, interpretada por Cristiane Amorim, convence um casal do interior a entregar a ela o filho desaparecido de Candinho (Sérgio Guizé). Em seguida, ela negocia a criança com a vilã Zulma (Heloísa Périssé), responsável por um orfanato de fachada. Com o dinheiro da transação, Carmem vai embora em busca de seu povo.

Após a exibição da cena, em uma publicação nas redes sociais, o Instituto Cigano do Brasil (ICB), a Urban Nômades Brasil, o International Romani Union Brasil (IRU) e a Associação Mayle Sara Kali Brasil (AMSK) acusaram a emissora de reforçar preconceitos históricos contra os ciganos. "Anticiganismo é racismo, e a Globo precisa responder. A novela 'Êta Mundo Melhor' apresentou, logo em seu primeiro capítulo, uma personagem cigana que entrega um bebê a uma golpista exploradora de crianças. Essa representação não é apenas irresponsável, é racista", criticou o texto.

Nas mensagens, as entidades ainda acusaram o canal de propagar estereótipos que já causaram muitos problemas a esse povo. "O que vimos não foi arte, foi reprodução de estereótipos cruéis e coloniais, como o mito da 'cigana que rouba ou vende crianças'. Isso não tem base na realidade, apenas reforça um imaginário que já causou dor, perseguição e exclusão aos povos ciganos ao longo dos séculos. A Rede Globo, como concessão pública, tem responsabilidade sobre o conteúdo que transmite. E o Estado brasileiro tem a obrigação de agir diante da propagação de imagens que marginalizam ainda mais um povo que já luta por reconhecimento, visibilidade e direitos básicos", destacou a carta.

"Nunca roubamos crianças. Somos um povo de cultura, saberes e dignidade. Não queremos ser vilões exóticos de novelas. Queremos respeito", as organizações acrescentaram. Elas finalizaram o pronunciamento cobrando uma resposta oficial do Ministério da Igualdade Racial. "Está na hora de dizer: 'Não em nosso nome'. Chega de racismo travestido de ficção. Chega de silêncio institucional. Isso é anticiganismo. Isso é romafobia. E sim, isso é racismo étnico-cultural", concluiu.

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