Economia

Sexta-Feira, 13 de Outubro de 2023, 16h02

SOJA PIRATA

Barões do agro e Aprosoja vão pagar R$ 5 milhões para enterrar processos em MT

Acordo foi firmado com o MP, autor de várias ações contra fazendeiros

DIEGO FREDERICI

Da Redação

 

O Ministério Público do Estado (MPMT), a Associação Matogrossense de Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), além de 15 produtores rurais, chegaram a um acordo sobre o encerramento dos processos movidos pelo cultivo de “soja pirata” no Estado.

No dia 26 de setembro de 2023, o MPMT, a Aprosoja e o produtores rurais “avulsos” firmaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) onde os agroempresários, e a associação que os representa, se comprometeram a restituir R$ 5,4 milhões pelos danos ambientais. A soma foi alcançada por meio de uma decisão judicial contra um produtor específico que plantou a “soja pirata”, multado em R$ 2,5 mil por hectare do grão plantado.

O acordo estabelece que o valor será utilizado para a construção de um laboratório para análises ambientais e de alimentos no Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Bela Vista (IFMT), para um projeto de manejo na APA Cabeceiras do Rio Cuiabá, além de outros projetos ainda a serem definidos. Os R$ 5,4 milhões devem ser pagos em duas parcelas, uma em até 30 dias após a assinatura do TAC, e outra em 28 de fevereiro de 2024.

“A compromissária deverá comprovar ao compromitente o cumprimento das obrigações assumidas ao final de cada prazo estabelecido neste Termo, em procedimento administrativo a ser registrado para acompanhamento deste TAC junto a 15ª. Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente da Capital”, diz trecho do acordo.

Além do valor, a Aprosoja e os 15 produtores também concordaram pela “perda do produto (soja em grão comercial), advindo do plantio experimental realizado nos imóveis rurais dos compromissários aderentes e fomentado pela compromissária principal (Aprosoja-MT)”. Os agroempresários aceitaram, ainda, receber intimações processuais por meio do WhatsApp.

“Caso seja necessária a execução do presente acordo, as partes convencionam, na forma dos artigos 190 e 191 do CPC, que os atos de comunicação processual, como citações, intimações, notificações e etc., poderão ser realizados no endereço eletrônico ou via ‘WhatsApp’”, estabeleceu o MPMT.

O grupo de produtores que deverá pagar o valor milionário para o encerramento das ações traz nomes “ilustres”, como o do ex-presidente da Aprosoja, e “parça” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato ao Senado em 2022, Antônio Galvan.

O TAC ainda deve ser homologado pelo Poder Judiciário Estadual, porém, seus efeitos são imediatos, o que obriga o MPMT, inclusive, a retirar as denúncias realizadas pelos crimes ambientais.

SOJA PIRATA

De acordo com a denúncia, desde 2018 a Aprosoja tenta alterar o calendário de plantio de soja em Mato Grosso, que vai de setembro a dezembro de cada ano. “A Aprosoja vem desde 2018 tentando alterar o calendário do plantio. Só que ela não encontrou eco nem apoio das instituições científicas, nem da Embrapa, ou do Indea, que é o nosso órgão de defesa sanitária no Estado. Esse pedido da Aprosoja passou por discussões e foi negado. E mesmo assim a Aprosoja efetuou o plantio ao arrepio da legislação, afrontando essas instituições”, revelou a promotora de justiça Ana Luíza Ávila Peterlini.

O MPMT relata ainda que a Aprosoja justifica o plantio como um “experimento científico” para tentar provar que não haveria problemas em adiantar o calendário da soja. A promotora de justiça, no entanto, esclareceu que esses experimentos devem ser realizados em áreas de, no máximo, 5 hectares, de modo a facilitar o controle de pragas, doenças, ou outros males. As áreas de plantio, de cada propriedade, porém, alcançavam grandes faixas de terra, de 30 a 50 hectares por propriedade, conforme o processo.

Um levantamento do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) revelou que a Embrapa, que se manifestou sobre os crimes ambientais, apontou um prejuízo potencial nas lavouras de soja de Mato Grosso que poderia chegar a R$ 5,9 bilhões.

Entre riscos inerentes ao plantio de soja no período de vazio sanitário esta a proliferação da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi). No ano de 2020, apenas um agrotóxico entre três que eram normalmente utilizados pelos produtores em safras anteriores era eficaz contra a praga.

Comentários (2)

  • Evaldo |  15/10/2023 11:11:54

    Essa raça maldita de bozoloides se acha acima de tudo e de todos, a mamata do Bozo acabou seus vermes. Paga e fica quieto, mete o rxbinho no meio das pernas e sossega o facho.

  • Cidao Marques |  14/10/2023 12:12:21

    Esse Sr. Antônio Galvan, parceiro do genocida hj vendedor de joias quis mudar o.plantio da soja ao seu bel prazer contrariando as normas técnicas do vazio sanitário tomou na taraqueta, esse país e estado tem normas e leis tenha ao.minimo respeito por elas.

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