Economia Segunda-Feira, 27 de Março de 2023, 07h:55 | Atualizado:

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AGRO EM GUERRA

TJ condena Aprosoja e "barões do agro" em R$ 2 mi por soja pirata em MT

Ação foi ajuizada pelo MPE por causa de plantio durante o vazio sanitário

DIEGO FREDERICI
Da Redação

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plantio soja

 

A Segunda Câmara de Direito Público e Coletivo do Tribunal de Justiça (TJMT) condenou a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), além de 8 produtores rurais, ao pagamento de R$ 2 milhões a título de danos morais coletivos. Os condenados realizaram o plantio de soja no chamado “vazio sanitário”, o que é proibido por lei em razão da prática ter o potencial de devastar lavouras pela ferrugem asiática, que se torna resistente a agrotóxicos.

Os magistrados seguiram por unanimidade o voto do juiz Gilberto Lopes Bussiki, relator de 8 apelações, ingressadas pela Aprosoja, que representa os produtores de soja, contra a decisão judicial que determinou a destruição das lavouras. A sessão de julgamento ocorreu na última terça-feira (21).

Foram condenados os produtores Hilario Renato Piccini, Iury Piccini, Lucyano Wagner Marin, Julio Cesar Rorig, Lucas Paulo Braun, Adalberto Jose Ceretta, a Nazare Agropecuaria e Julio Cezar Bravin, que irão pagar, solidariamente, os R$ 2 milhões.

Na mesma terça-feira, a desembargadora Antônia Siqueira Gonçalves manteve os julgamentos dos 8 processos ingressados pelo Ministério Público do Estado (MPMT) contra os produtores rurais. A Aprosoja alegou em seu recurso que as sessões deveriam ser adiadas em razão de um acordo que estaria sendo costurado entre os empresários do agronegócio e o órgão ministerial.

Mantido o julgamento, o juiz convocado Gilberto Lopes Bussiki revelou que os produtores rurais teriam feito “pouco caso” da condenação anterior, que além de estabelecer a destruição das lavouras de “soja pirata”, também teriam “desdenhado” da multa de R$ 1 mil por hectare plantado ilegalmente. Ao todo, conforme a denúncia do MPMT, 1,5 mil hectares de plantações ilegais teriam sido realizados em Mato Grosso entre os anos de 2019 e 2020.

“Segundo juntou o Ministério Público aqui, a imprensa noticiou como se fosse um ‘alívio’ para os mesmos a condenação em R$ 1 mil por hectare. Considerando o risco que colocou toda a produção deste celeiro agrícola que é o estado de Mato Grosso, um dos principais produtores do país, eu elevei a esse patamar o dano moral coletivo”, asseverou o juiz Gilberto Lopes Bussiki.

A decisão colegiada (acórdão), que ainda admite recurso, porém, pode não ser cumprida em razão do acordo entre as partes. De acordo com a denúncia, desde 2018 a Aprosoja tenta alterar o calendário de plantio de soja em Mato Grosso, que vai de setembro a dezembro da cada ano.

“A Aprosoja vem desde 2018 tentando alterar o calendário do plantio. Só que ela não encontrou eco nem apoio das instituições científicas, nem da Embrapa, ou do Indea, que é o nosso órgão de defesa sanitária no Estado. Esse pedido da Aprosoja passou por discussões e foi negado. E mesmo assim a Aprosoja efetuou o plantio ao arrepio da legislação, afrontando essas instituições”, revelou a promotora de justiça Ana Luíza Ávila Peterlini.

O MPMT relata ainda que a Aprosoja justifica o plantio como um “experimento científico” para tentar provar que não haveria problemas em adiantar o calendário da soja. A promotora de justiça, no entanto, esclareceu que esses experimentos devem ser realizados em áreas de, no máximo, 5 hectares, de modo a facilitar o controle de pragas, doenças, ou outros males. As áreas de plantio, de cada propriedade, somavam 30 a 50 hectares, conforme o processo.

Um levantamento do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) revelou que a Embrapa, que se manifestou sobre os crimes ambientais, apontou um prejuízo potencial nas lavouras de soja de Mato Grosso poderia chegar a R$ 5,9 bilhões. Entre riscos inerentes ao plantio de soja no período de vazio sanitário esta a proliferação da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi). No ano de 2020, apenas um agrotóxico entre três que eram normalmente utilizados pelos produtores em safras anteriores era eficaz contra a praga.





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Comentários (5)

  • Sergio Pereira Bonalumi

    Terça-Feira, 28 de Março de 2023, 12h58
  • Todos cidadoes de bem , so querendo encher os bolsos e dar golpe
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  • ADNEN RAJAB

    Segunda-Feira, 27 de Março de 2023, 15h20
  • Esta associação é um cassino E já financiou atos anti democráticos
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  • Omar Teleiro

    Segunda-Feira, 27 de Março de 2023, 09h11
  • Desdenharam da multa de 1 mil por hectare e aí aplicaram agora multa de 2 milhões... não me façam rir, senhores magistrados.. óbvio que vale a pena trangredir a lei, plantar no vazio sanItário dá muito mais lucro à APROSOJA.
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  • Evandro José Kravec

    Segunda-Feira, 27 de Março de 2023, 09h07
  • Pressão das sementeiras pra evitar do produtor salvar sua semente. Vimos isto no ano passado quando a bancada do PT conseguiu tirar a permissão de plantio de 05/02 e voltou pra 31/12. E por uma coincidência o dono de umas das maiores sementeiras do estado foi chamado pra equipe de transição do atual governo federal ..
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  • Amanda Duarte

    Segunda-Feira, 27 de Março de 2023, 08h34
  • Os Cidadão de Bem enchem o bolso. Patriotas no discurso, mas vivem de surrupiar dinheiro alheio.
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