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Quarta-Feira, 22 de Maio de 2024, 15h00

OITO ANOS

Empresas ligadas ao PCC ganharam quase R$ 500 milhões

JORNAL NACIONAL

 

O Ministério Público de São Paulo está investigando empresas ligadas ao PCC que ganharam uma fortuna de prefeituras e câmaras municipais paulistas, por meio de licitações fraudadas. Segundo os promotores, essas empresas receberam quase R$ 500 milhões ao longo de oito anos.

Vagner Borges Dias é conhecido como Latrell Brito nas redes sociais. Ele tem 1 milhão de seguidores e gosta de dar conselhos sobre como ter sucesso profissional. "Só acontece pra quem faz. Faça o que tem que ser feito."

Em outra postagem, escreveu: “Todo mundo é livre pra fazer o que bem entender da sua vida. Desde que sempre jogue limpo e bata no peito para sustentar a suas consequências até o fim".

Vagner, que também é cantor de pagode, é considerado foragido há 35 dias, quando o MP comandou uma operação para combater fraudes em licitações em cidades paulistas. Os promotores afirmam que era Vagner quem gerenciava várias empresas, em nome dele ou de laranjas, que simulavam concorrências para ganhar contratos milionários com câmaras municipais e prefeituras.

Eram contratos de limpeza, manutenção e segurança de prédios públicos e escolas, por exemplo. Muitas dessas empresas tinham nomes diferentes no papel, mas exatamente os mesmos funcionários. E ao analisar o quadro societário das empresas de Vagner, os promotores descobriram os nomes de integrantes do PCC.

A sede da principal empresa de Vagner está localizada em uma casa simples de um bairro do município de Suzano, na Região Metropolitana de SP. A equipe do Jornal Nacional tocou o interfone, mas ninguém atendeu. Vizinhos contaram que, desde abril, quando houve busca e apreensão, não há movimento por lá.

Dados do Tribunal de Contas do Estado mostram que os contratos assinados de 2016 até março de 2024, com 25 municípios, somam cerca de R$ 500 milhões. Segundo o MP, há fortes indícios de fraude em ao menos 17 desses municípios.

Ainda segundo o MP, em alguns casos, políticos e funcionários públicos eram cúmplices ou coautores dos crimes. Ou seja, direcionavam as licitações e recebiam propina. Em outros casos, não havia participação ou conhecimento do poder público.

Os promotores explicam que, apesar de o serviço ter sido prestado, com pagamento de funcionários, muitos contratos eram superfaturados e, assim, grandes quantias, acabavam sobrando e eram desviadas para o PCC. Até agora, a Justiça autorizou o bloqueio de bens de empresas no valor de R$ 118 milhões - referente a contratos celebrados em 2022 e 2023.

Em Cubatão, por exemplo, onde um vereador foi preso na operação de abril, as escolas ficaram fechadas por mais de uma semana. Foi depois que a prefeitura soube do esquema e decidiu romper o contrato com uma empresa de limpeza de Vagner. O Jornal Nacional não encontrou Vagner no endereço em que ele mora, em Mogi das Cruzes, segundo o Ministério Público.

A prefeitura de Cubatão declarou que não está sendo investigada; que rescindiu os três contratos com uma empresa investigada após fiscalizações internas; e que uma nova empresa já assumiu os contratos. Vagner Borges Dias afirmou que nunca fez parte de organização criminosa; que sempre estudou e trabalhou; e que não há provas contra ele.

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