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Quarta-Feira, 03 de Julho de 2024, 09h00

PMMA

Mulheres relatam dor e arrependimento após a técnica

METRÓPOLES

 

Por conta da aplicação de um preenchimento na boca, a balconista de farmácia Mariana Michelini, de 35 anos, teve os lábios removidos. Para tentar retirar as aplicações feitas nos glúteos, a funkeira Leticia Minacapelly, de 28 anos, já foi seis vezes ao centro cirúrgico. Já a estudante de biomedicina Jaqueline Chaves, de 48 anos, entrou em depressão profunda por conta das deformações que um preenchedor deixou em seu rosto.

Todas essas mulheres são vítimas de aplicações de PMMA, mas nenhuma delas sabia que a substância estava sendo injetada em seus corpos. As histórias delas são comuns às de centenas de brasileiros, a maioria mulheres, que fizeram preenchimentos estéticos para ter uma aparência mais bonita e acabaram com deformações irreversíveis, músculos necrosados ou insuficiência dos rins — tudo em reações do organismo à presença do polimetilmetacrilato, o PMMA.

O PMMA é uma substância plástica que não pode ser absorvida pelo organismo. Por isso, a aplicação desse tipo de preenchimento não é recomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBPC) para fins estéticos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que o gel seja usado apenas em pessoas que sofreram deformações corporais decorrentes de doenças como a poliomielite e a aids, e com limites de aplicação muito claros.

No entanto, muitos profissionais começaram a fazer uso estético da substância exatamente por ela não ser absorvida pelo corpo, o que ocorre com outros preenchedores, como o ácido hialurônico. Os aplicadores passaram a oferecer “resultados definitivos” sem informar que a substância pode ter efeitos tão graves quanto o uso de silicone industrial.

Os pacientes muitas vezes nem são informados de que a substância aplicada neles é PMMA. Foi o caso de Jaqueline Chaves, do Rio de Janeiro. Ela recebeu a recomendação de fazer uma cirurgia de correção de desvio do septo e rinoplastia já que o cirurgião plástico disse que ela tinha cara de pobre. Quando acordou da anestesia, porém, ela inchada e com fortes dores: o médico disse que tinha feito preenchimentos de brinde para deixá-la mais bonita. O profissional ainda mentiu que havia usado ácido hialurônico, quando na verdade era PMMA.

“Eu nunca fiquei um dia bem após essa cirurgia, já acordei deformada. Ele colocou PMMA na minha cara inteira e nunca disse que substância era aquela. Foram mais de 20 enxertos no nariz e mais aplicações que encheram meu rosto com esse gel para tentar corrigir aquilo que ele errou na primeira vez. Ele aplicava no consultório. Só fui para o centro cirúrgico duas vezes. Quando fiz os exames, vi que meu nariz é praticamente só produto e pele, não tenho mais cartilagem”, conta.

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