O delegado da Polícia Civil e candidato derrotado à prefeitura de Brasnorte, Eric Fantin (PL), foi quem denunciou para a Polícia Federal um suposto esquema de compra de votos, transporte irregular de eleitores e abuso de poder econômico por meio do aliciamento de indígenas eleitores da etnia Enawene Nawe. O prefeito reeleito Edelo Ferrari (UB), alvo das denúncias formuladas por Fantin ainda durante a disputa eleitoral, não se manifestou sobre o caso.

A Operação Operação Transporte Limpo foi deflagrada nesta sexta-feira (8) e o delegado usou as redes sociais para comemorar. "Que esse dia continue maravilhoso para todas as pessoas de bem", publicou Fantin logo após a divulgação da operação que busca desmantelar um esquema que teria levado indígenas a transferirem seus títulos eleitorais para Brasnorte, com o intuito de votarem em determinados candidatos a vereador e a prefeito. Vale ressaltar que ele disputou o cargo de prefeito em Brasnorte, mas atua como delegado na cidade de Juara.

As autoridades ainda investigam a tentativa de transporte em massa desses eleitores até o local de votação. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um  indigena informando que no dia 5 de outubro, ou seja, um dia antes da eleição do primeiro turno, um homem avisou sobre o frete de dois ônibus.

"Tá um senhor, com o nome de Gilmar, do município de Brasnorte, propagando para o povo Enawene 120 títulos três meses antes da eleição. Ele mandou dois ônibus para vir buscar pessoas para fazer votação em Brasnorte. Branco sempre chama nós índios de preguiçosos que não faz nada, nós queremos votar em nós mesmos e por isso estou denunciando para a Justiça Eleitoral", diz o indigena na filmagem. 

Na cidade, a disputa foi acirrada entre dois candidatos: o atual prefeito Edelo Ferrari, que foi reeleito com 50,85% (4.634 votos) e Eric Fantin que saiu derrotado, mas por uma pequena diferença, pois obteve 49,15% (4.479 votos). A PF não informou quais candidatos teriam comprado votos e aliciado eleitores indígenas, lembrando que existem ainda os vereadores eleitos e os derrotados na disputa por vagas na Câmara Municipal.

Além disso, dois servidores da Prefeitura de Brasnorte estariam supostamente envolvidos no esquema, que incluía o fretamento de dois ônibus para transportar eleitores indígenas ao município durante o período eleitoral. A ação visava garantir o comparecimento dos indígenas na votação, beneficiando, assim, candidatos específicos. A além da PF, a Promotoria Eleitoral do Município seguem com as investigações.