Quarta-Feira, 01 de Abril de 2020, 12h00
13º DA PROPINA
Juíza tenta bloquear R$ 80 milhões, mas não acha nada nas contas de conselheiro e empresários em MT
Frigorífico teria pago R$ 2,5 milhões por incentivo fiscal fraudulento
RODIVALDO RIBEIRO
Da Redação
Após tentar proceder ao bloqueio de R$ 80 milhões nas contas de três envolvidos em suposto esquema fraudulento de concessão de incentivo fiscal à empresa Superfrigo, que segundo o MPE (Ministério Público Estadual) gerou prejuízo de R$ 37,7 milhões aos cofres públicos em 2012, a juíza Célia Vidotti afirmou que encontrou valores ínfimos nas contas do conselheiro afastado do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Sérgio Ricardo, e dos empresários Ciro Zanchet Miotto, proprietário do frigorífico, e Ricardo Padilla de Borbon Neves, dono da Aval Securitizadora de Créditos. Os empresários e o conselheiro afastados foram denunciados pela promotoria de justiça em uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa.
A magistrada da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular tentava cumprir decisão da desembargadora Maria Erotides Kneip, do TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso). Da soma total desse bloqueio, R$ 5 milhões deveriam ser retirados das contas de Sérgio Ricardo, enquanto os outros R$ 75 milhões teriam que sair da parte de Ciro Miotto e Ricardo Neves. “Tendo em vista que as quantias encontradas nas contas bancárias dos requeridos são ínfimas, quando comparadas com o montante a ser indisponibilizado, de forma que não atendem a finalidade de mínima garantia de eventual e futuro ressarcimento”, consta em trecho do despacho da juíza publicado nesta terça-feira (31).
Conforme o narrado nos autos, para conseguir o benefício, a Superfrigo pagava propina de R$ 2,5 milhões ao grupo criminoso que o ex-governador Silval Barbosa confessou liderar enquanto esteve à frente do Palácio Paiaguás. Essa propina fora utilizada para pagar um empréstimo de R$ 1,8 milhão que o conselheiro do TCE — com anuência de Silval — pegou de Ricardo Neves para pagar o “13º mensalinho” dos parlamentares, sempre de acordo com as acusações do MPE.
O CASO
Ainda conforme o texto da ação judicial, corria o ano de 2012 quando Pedro Nadaf, então secretário chefe da Casa Civil, recebeu a ordem do governador daquele turno para encontrar empresa interessada na obtenção de incentivos fiscais, desde que aceitasse “devolver” R$ 2,5 milhões. Nadaf também é réu nesse processo e os dinheiros elencados como reparação do dano foram acertados em seu acordo de colaboração premiada.
A promotoria afirma que esses valores seriam usados para quitar uma outra dívida contraída com Ricardo Padilha no débito cuja origem era o empréstimo que Ricardo Neves fizera ao então deputado Sérgio Ricardo quando este era membro da mesa diretora da Assembleia Legislativa. Silval contou à justiça que esse dinheiro servia para o pagamento das propinas natalinas repassadas a 17 deputados estaduais.
Seria contraparte à barganha para aprovação das matérias de interesse do Executivo na AL e das contas daquele governo. “Em outras palavras, os parlamentares, além do mensalinho normal pago todos os meses e do mensalinho — extorsão proveniente dos desvios do MT Integrado —, também exigiram um ‘13º do mensalinho’, ou seja, uma gratificação a mais, de final de ano, no valor de R$ 110 mil”, consta na ação.
Antes de Sérgio Ricardo realizar o empréstimo com Ricardo Padilha, Silval Barbosa usou 17 cheques no valor de R$ 110 mil, cada um, para repassar aos deputados comprados. Tudo, sempre conforme o MPE, foi repassado a Sérgio Ricardo, que por sua vez repassou a grana aos demais deputados.
A ironia é que esses cheques não tinham fundos, revela a ação ainda em trâmite. “A entrega, com posterior sustação/devolução, destes 17 cheques aos deputados estaduais explica o porquê do empréstimo de R$ 2,5 milhões contraído por Sérgio Ricardo de Almeida junto à factoring de Ricardo Padilla de Borbon Neves. E este empréstimo é o que motivou Pedro Jamil Nadaf a procurar um empresário para quitá-lo, em troca da concessão de benefício fiscal, manchado com a nódoa da nulidade, por ser originado do pagamento de propina. No caso em apreço, o empresário localizado para a fraude foi Ciro Zanchet Miotto e o benefício fiscal, concedido mediante o pagamento de propina, foi o Prodeic”.
Além de pagar o empréstimo feito por Sérgio Ricardo com Ricardo Neves, Ciro Zanchet Mioto também pagou a Pedro Nadaf um valor de R$ 250 mil. Deste montante, R$ 175 mil foram transferidos à Construtora São Benedito como uma prestação da compra de um apartamento do ex-secretário. “Com a concessão do incentivo fiscal em troca de propina, a Superfrigo deixou de recolher ao erário estadual o valor de R$ 37,769 milhões [R$ 37.769.898,75], prejuízo causado aos cofres públicos do Estado de Mato Grosso em razão da prática do citado ato de improbidade administrativa”.
Pacufrito | 01/04/2020 14:02:47
kkkk, coitado do imoral do ex-conselheiro, esta passando fome, pergunta que não quer calar: ele continua recebendo salario de conselheiro???
Critico | 01/04/2020 14:02:35
Mais espera OITO (8) ANOS pra bloquear. Esse dinheiro tá longe.
Os Matogrossenses | 01/04/2020 13:01:48
Dr Célia parabéns pela sua atuação em MT, o que tem que acabar é com essa mamata desses Conselheiros afastados que estão recebendo sem trabalhar, fazer eles devolverem o nosso dinheiro público aos cofres públicos e perderem este cargo do TCE, foi tempo que este órgão fiscalizador realizou tinha prestÃgio e trabalho para o mato grosso...
Benedito | 01/04/2020 13:01:23
Esses são os malas sem alças profissionais. Estão todos milionários e certamente guardando dinheiro em nome de outros ou embaixo do colchão. Se a JUSTIÇA realmente fizer uma força tarefa recebe sim desse bando aà que na real tem muito mais pessoas por trás. E que todos estão tão limitados no MT que nada funciona mais direito. Isso em plena pandemia.
Willian | 01/04/2020 12:12:36
Seria fácil resolver. A partir do momento que não acha dinheiro na conta, decreta a prisão imediata. Quero ver se não ia aparecer dinheiro.
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