Política

Segunda-Feira, 02 de Novembro de 2015, 22h30

OPERAÇÃO ARARATH

PF descobre que empreiteira paga dívida de R$ 1,1 mi de sobrinho de senador

Empreiteiro confessa que quitou dívida a mando de Éder

GILSON NASSER

Da Redação

 

Relatório da Polícia Federal incluído nas investigações da Operação Ararath indicam que a Lince Construtora e Incorporadora Ltda pagou empréstimos contraídos no Bic Banco pelo empresário Samuel Maggi Locks, sobrinho do ex-governador e atual senador Blairo Maggi (PR). A quantia corresponde a R$ 1,150 milhão e a suspeita é que tenha sido praticada lavagem de dinheiro com doações de campanha para candidatos na campanha eleitoral de 2010.

O dinheiro foi contraído no Bic Banco pela empresa SML Comunicação, fundada em 23 de maio de 2006 que tinha como sócios Thaiana Maggi Locks e Samuel Maggi Locks. Em 2007, assumiu o nome fantasia de Revista Ótima e tinha como atividade edição e impressão de revistas.

Hoje, a publicação possui outros proprietários. Durante mandado de busca e apreensão no Bic Banco, foram apreendidas quatro cédulas de crédito bancário emitidas em favor da SML Comunicação. 

A justificativa para o Bic Banco oferecer os empréstimos seria créditos que a SML Comunicação teria a receber da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom). Um ofício encaminhado pela pasta direcionado ao então superintendente do Bic Banco, Luiz Carlos Cuzziol, informava que a SML Comunicação tinha créditos a receber e que, posteriormente, o valor seria quitado.

O documento, conforme a PF, serviu como argumento para parecer favorável ao fornecimento do crédito por Luiz Carlos Cuzziol. Hoje, ele já é réu numa das ações penais decorrentes da Operação Ararath.

No entanto, a investigação da PF cita que nos ofícios enviados pela Secom não consta nenhum número referente ao contrato de prestação de serviço, o que aumenta os indícios de lavagem de dinheiro. O esquema de movimentação ilegal de dinheiro apurado pela PF no esquema da Operação Ararath funcionava da seguinte maneira: empresários que mantinham contratos com o governo do Estado contraíam empréstimos bancários e apresentavam como garantia de pagamento da dívida precatórios ou créditos de contratos com o governo do Estado, porém, tudo não passava de simulação.

O dinheiro sacado no banco era repassado integralmente a alguns representantes do grupo político de Blairo Maggi e também do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que está preso em decorrência da Operação Sodoma. Ao final, o governo de Mato Grosso quitava a dívida com os bancos.

O dinheiro movimentado no esquema clandestino serviu para pagar propinas a autoridades, comprar sentenças judiciais, abastecer caixa 2 de campanha eleitoral e até comprar uma vaga de conselheiro do TCE.  O relatório da PF cita ainda que não há nenhum registro de pagamento do governo do Estado a SML Comunicação. “Chama a atenção o fato de não haver pagamentos do governo do Estado a SML Comunicação pela suposta existência de contratos, conforme pode ser verificado no site do Fiplan. Vale destacar que na carta enviada pelo banco à secretaria, momento no qual se determinava a trava de domicílio bancário, há referência a um contrato sem número, gerando forte questionamento acerca de sua credibilidade”, diz um dos trechos do relatório obtido com exclusividade pelo FOLHAMAX

As quantias de dinheiro contraídas pela SML Comunicação giravam em torno de R$ 120 mil a R$ 160 mil. Na última transação financeira que correspondeu a uma liberação de R$ 400 mil em favor da SML Comunicação, o ofício da Secom encaminhado ao Bic Banco recebeu assinatura do ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes, apontado pela PF como chefe do esquema de lavagem de dinheiro que movimentou ilegalmente até R$ 500 milhões em Mato Grosso.  

“O último mútuo emitido pela SML Comunicação foi no valor de R$ 400 mil. A mesma justificativa para concessão de crédito foi utilizada: penhor dos direitos creditórios e carta da Secom ao Bic, garantindo pagamentos de R$ 400 mil através de medições de um contrato em número. Nesse documento, há a assinatura reconhecida como sendo de Eder Moraes Dias”, atesta a PF.

O dono da Lince Construtora, o empresário José Geraldo Saboia, explicou que quitou os empréstimos a mando do ex-secretário Éder Moraes. A Operação Ararath foi desmembrada na semana passada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, sendo que hoje são cerca de 70 investigados em 13 inquéritos.

DOAÇÕES DE CAMPANHA

O relatório da PF cita que existe a suspeita de que houve lavagem de dinheiro em doações de campanha eleitoral feitas pela SML Comunicação. Em 2014, a empresário Samuel Maggi Loocks doou aos deputado estaduais Pery Taborelli (PV) e Dilmar Dal Bosco (DEM).

Ainda houve doações financeiras para outros candidatos que não vieram a ser eleitos como Zulmar Curzel (PTB) e Márcio Paulo da Silva (PTB). No total, foram 29 candidatos beneficiados com doações do empresário com valores variando entre R$ 3 mil até R$ 54 mil. 

 

Comentários (14)

  • ajsantos |  03/11/2015 23:11:27

    duvido que um cidadão do nível do dr saboia um homem com mais de 80anos precisava fazer treta esse cafajeste do EDER deve ter feito uma pressão danada pro dr SABOIA quitar divida do sobrinho do blairo, esse cafa do EDER merece GUILHOTINA

  • José Augusto |  03/11/2015 15:03:32

    O PT é ruim mesmo. Quando era oposição não via nada do que acontecia nas suas barbas, agora, como governo, continua mais cego ainda.É para rir ou chorar?

  • KKKKKKKKK |  03/11/2015 13:01:56

    O populismo marxista-leninista, com sua ótica de materialismo dialético, baseado na luta de classes e dos opostos, não consegue construir uma visão que aglutine que unifique. Tudo é ódio e separação! LEÕES DE CHÃCARA, OU MELHOR, VALENTÕES DA INTERNET. NÃO PASSAM DE MELA CUECAS, GOSTAM DE LEVAR FERRO !

  • Éder Dutra |  03/11/2015 11:11:54

    Lavem a boca para falarem do nosso Lula, bando de hipócritas. Votaram no Aécio e veem falarem em combate a corrupção. A quem enganam? a nada, nem aos cachorros. O que não suportam é o filho do operário na universidade, isso os incomoda demasiado.

  • AÉCIO HISTORIADOR |  03/11/2015 10:10:04

    Isso aqui é só para reativar a memória de alguns apedeutas que acreditam no psdb....... Presidente evita Dante devido denúncias Segundo ACM, Fernando Henrique e o tucanato temem ser envolvidos com "mar de lama no atual Governo" KLEBER LIMA E RONALDO PACHECO Editoria com Reportagem A imagem de Mato Grosso no cenário nacional, há algumas semanas, está maculada pelas denúncias de corrupção que teriam ocorrido durante a gestão do governador Dante de Oliveira (PSDB), como os casos ‘Constran – Mala de Dólares’, favorecimento de empresas de comunicação – o ‘Secomgate’ – e, agora, o escândalo ‘Família Problema’, sobre o primeiro-irmão Armando Martins de Oliveira, publicado na edição deste semana pela revista IstoÉ, entre outros. "O próprio presidente Fernando Henrique e membros do Diretório Nacional do PSDB estão assustados e surpresos com o mar de lama no atual Governo", disse o presidente do Congresso Nacional, senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), durante visita a Cuiabá, nesta semana. Nos últimos meses, após a morte do deputado Luiz Eduardo Magalhães (PFL), ACM tem sido um dos principais e mais próximos consultores políticos do presidente da República. "O Brasil olha para Mato Grosso de forma enviesada, sem acreditar no que está ocorrendo nos gabinetes refrigerados do poder em Cuiabá", observou Magalhães. O presidente do Senado Federal entende que há necessidade de mudanças profundas e emergenciais no modelo político do Estado, como já aconteceu em nível nacional. Prudentemente, FHC se afastou de Dante, temendo sofrer respingos e ser associado, pela oposição, na reta final, aos casos de mal uso do dinheiro público em Mato Grosso. "Os assessores do Planalto dizem, em alto e bom tom, que o presidente quer distância desse moço", garantiu o senador Jonas Pinheiro, que faz parte do rol de ministeriáveis para um eventual segundo mandato do presidente Fernando Henrique. O desvio de recursos da Secretaria de Comunicação Social (Secom) para o Grupo Gazeta, o favorecimento em licitação à DMD–Associados e o excesso de pagamento para ‘serviços de terceiros, pessoa física’, que teria movimentado cerca R$ 700 milhões em três anos, foi a primeira denúncia que mobilizou a chamada grande imprensa nacional. O caso, que passou a ser conhecido como ‘Secomgate’, chegou às páginas da revista IstoÉ, jornais Folha de S.Paulo, Correio Braziliense e Jornal do Brasil. Em 1995, por exemplo, primeiro ano do Governo Dante, o Grupo Gazeta, sozinho, recebeu mais de 50% dos recursos da Secom, embora a TV Gazeta, então filiada à Rede CNT, tinha patamares de média de audiência inferiores a 3%. Já a TV Centro América (Canal 4), afiliada da Rede Globo, com média superior a 70% de audiência, ficou com menos de 10% dos recursos destinados à área de comunicação pelo Governo naquele ano. "É farra com dinheiro público, num favorecimento descarado", denunciou o vice-presidente do PMDB de Cuiabá e candidato a deputado estadual, Genilto Nogueira, que liderou uma campanha pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembléia Legislativa para apurar o caso. Nogueira conseguiu mais de 10 mil assinaturas num abaixo-assinado pedindo a CPI, mas os deputados não a instalaram. Para dar fachada legal ao favorecimento, a Secom realizou licitação, em 96, passando a ‘conta’ de comunicação do Governo para a DMD–Associados, que, à época, tinha o empresário João Dorileo Leal, dono do Grupo Gazeta, como um dos sócios. "A certeza de impunidade é tamanha que nem se deram ao trabalho de formar uma Comissão de Licitação teoricamente isenta para dar a vitória à DMD", insistiu Genilto. O caso Secomgate tem ações tramitando no Superior Tribunal de Justiça (STJ), porque o governador tem direito a foro privilegiado; no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), onde foi pedida a quebra do sigilo bancário dos acusados, entre eles Dante, Thelma de Oliveira, Armando de Oliveira e mais 17 pessoas; e na 18a Vara da Comarca de Cuiabá. No STJ, o ministro Romildo Bueno Souza apresenta seu parecer até a próxima sexta-feira, dia 2. DÓLARES – A denúncia apresentada pela revista Veja sobre a triangulação ‘Constran – Mala de Dólares’, no valor de US$ 6 milhões, para pagar dívidas da campanha de 1994 do candidato a governador Dante de Oliveira, então no PDT, chocaram o Brasil. O tesoureiro da campanha, José Eduardo Porto, ex-sócio do primeiro-irmão Armando de Oliveira, revela, com riqueza de detalhes, como os US$ 6 milhões, repassados por empresas de Olacyr de Moraes, chegaram clandestinamente a Cuiabá. Dias antes, o Governo tinha emprestado R$ 20 milhões do Banco Itamarati, de Olacyr, para pagar à empreiteira Constran, também de sua propriedade. O Estado teria entrado apenas como repassador do dinheiro, além, óbvio, de ficar com a dívida. O caso está sendo investigado pela Procuradoria Geral da República, após a denúncia de José Eduardo Porto ser formalizada. A repercussão do caso foi de Maceió (AL) até Porto Alegre (RS). Além da Veja, a denúncia saiu na em O Globo, Correio Braziliense, Zero Hora e Gazeta de Alagoas, além dos veículos de comunicação mato-grossenses. "É um caso de máfia, sim senhor", acusou o ex-prefeito Leonísio Lemos Júnior (PMDB), de Peixoto de Azevedo (Nortão), candidato a deputado federal. Lemos Júnior lamentou o fato de o governador, em vez de esclarecer o caso, tentar transferir a responsabilidade para a revista Veja e seus adversários políticos.

  • Paulo |  03/11/2015 09:09:39

    Agora sim não largara do cargo e suas benesses... garantia de uma proteção.

  • pacufrito |  03/11/2015 09:09:25

    O Blairo, vai dizer que não sabia desta sacanagem também, Blairo você esta igual o Lula e a Dilma, as coisas aconteciam nas suas barbas e você não sabia? haaaa Blairo conta esta pra outro

  • Carlos |  03/11/2015 09:09:19

    Aí complica, pois mesmo que não se trate de lavagem de dinheiro para doação de campanha, o simples fato da construtora admitir que pagou os empréstimos a mando do ex-secretario Eder Moraes já demonstra que tem caroço nesse angu.

  • dimais |  03/11/2015 09:09:14

    gostaria de saber porque o edinho esta livre, leve e solto, com tantas irregularidades imputadas a ele, e a reportagem não menciona as autoridades que venderam sentanças, e se estão sendo processadas?

  • Paulo Boss |  03/11/2015 07:07:50

    Uai ! Ninguem comenta sobre o todo poderoso e ilibado Senador ??

  • Negro Preto |  03/11/2015 06:06:36

    Lembrei-me das campanhas de 2002, 2006 e 2010: "Mato Grosso nas mãos de quem trabalha" (trabalhou em quê?), "Maggi é muito rico, não precisa roubar" (até parece que só pobre tem esse costume feio). Pobre sem vergonha rouba TV, bicicleta, som de carro... e se a polícia pega, vai tomar uns cascudos e mofará na cadeia. Imaginemos quantos desses aparelhos não dariam para comprar com R$ 1.150.000,00.

  • Gil  |  03/11/2015 01:01:52

    Até que enfim revelaram algo dos Maggi. Não acredito que esse povo são todos santos.

  • chega |  03/11/2015 00:12:13

    Tá meio esquisito essa.acusacao . Como assim fraude ou lavagem ? Se era empréstimos legais realizados em instituição financeira ? Essas acusações da ARARATH já tá sem graça.

  • EU |  02/11/2015 23:11:41

    A CASA Tà CAINDO PRA FAMÃLIA MAGGI, QUE DESDE SEMPRE COMANDOU O ESTADO. ALTAMENTE NOCIVOS AO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO ELES SE IMISCUIRAM NA POLÃTICA SÓ PARA BENEFÃCIO PRÓPRIO. A POLÃCIA FEDERAL PRECISA CONTINUAR ATÉ CHEGAR NO CERNE DE TUDO ISSO...

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