O presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), deputado Max Russi (PSB), afirmou que irá tomar providências e deve exonerar o procurador da Casa, Benedito César Corrêa Carvalho, de 54 anos, preso no último fim de semana por manter uma adolescente de 16 anos em cárcere privado em seu apartamento, no bairro Araés, em Cuiabá. Foi a terceira prisão do servidor por práticas semelhantes, incluindo ameaça com arma de fogo e abuso contra profissionais do sexo.

“Com certeza. Acho que a reincidência, infelizmente, a gente sente pela família, né, ele tem os pais idosos, a gente fica triste por isso, que o pai não tem culpa, infelizmente. Mas o que ele vem fazendo reiteradamente, e o abuso contra as mulheres, a gente não pode aceitar. A Assembleia não vai aceitar isso”, declarou Russi nesta segunda-feira (12).

O presidente destacou que Benedito ocupa um dos cargos mais altos da estrutura da ALMT em termos de salário — o procurador recebe vencimentos brutos de R$ 44 mil mensais, segundo o Portal da Transparência — e que, mesmo diante da gravidade do caso, todos os trâmites legais serão seguidos. “O processo, a gente tem que fazer tudo de forma legal, nos trâmites legais, no prazo legal, dando oportunidade de defesa, de contraditório. Mas com essa reincidência, o único caminho é a exoneração. Vamos fazer tudo dentro da lei.”

A prisão mais recente ocorreu após a Polícia Militar receber denúncia sobre uma adolescente que estaria sendo mantida em cárcere privado e ameaçada com uma arma na madrugada do último sábado (9). No local, os policiais foram autorizados pelo porteiro a subir ao apartamento. Após ouvirem gritos de socorro, arrombaram a porta e encontraram a jovem trancada em um banheiro anexo ao quarto. O procurador estava no mesmo cômodo. 

Foram apreendidos no local um prato com resquícios de cocaína e um invólucro da substância. De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima relatou que foi contratada como garota de programa, mas após o uso de drogas, Benedito se descontrolou e passou a ameaçá-la com um revólver prateado.

Ela foi encaminhada para atendimento psicossocial, e o servidor levado ao Plantão de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica, Familiar e Sexual de Cuiabá. Ele responderá por sequestro, cárcere privado, exploração sexual de adolescente, ameaça e posse ilegal de drogas. O caso está sob investigação da Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica).

Violência contra mulheres

Benedito já havia sido preso em outras duas ocasiões por condutas semelhantes. Em 2017, foi detido após ameaçar uma garota de programa com uma faca. A vítima conseguiu se trancar na cozinha e ligar para a polícia. Ele foi encontrado com a arma branca na mão, em cima da cama, e aparentemente sob efeito de entorpecentes.

Em agosto de 2023, voltou a ser preso após manter outra mulher, de 19 anos, também garota de programa, em cárcere privado em um condomínio de luxo da Capital. Na época, um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi aberto, conforme informou o então presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho (UB), mas o procedimento não resultou em exoneração.

Admitido como servidor efetivo da Procuradoria-Geral da ALMT em 1999, por concurso público, Benedito também respondeu a um processo em 2011, quando foi flagrado entrando em um motel com menores de idade. Max Russi classificou os atos como “inaceitáveis” e reforçou que a Assembleia Legislativa tomará medidas com o máximo rigor. “Temos uma procuradoria bastante competente, bastante eficiente. Esse é um caso isolado, mas o rigor das penalidades será feito. Pedi o máximo de providências sobre isso", enfatizou.