Política

Terça-Feira, 06 de Maio de 2025, 16h17

PERFÍDIA

Vereadores adotam cautela e silêncio em Cuiabá

ALLAN MESQUITA

Gazeta Digital

 

5 dias após a operação que afastou os vereadores Sargento Joelson (PSB) e Chico 2000 (PL), investigados por suposto recebimento de propina, o clima nos corredores da Câmara Municipal de Cuiabá nesta terça-feira (6) foi de extrema cautela e discrição. Parlamentares circularam com discursos milimetricamente calibrados e, em muitos casos, preferiram o silêncio a qualquer declaração sobre o caso.
Nos bastidores, o mesmo tom foi usado para tratar do caso. Alguns vereadores se esquivaram de conversas com a imprensa, optando por não se expor diante do cenário de tensão após a investigação. Já os que aceitaram falar mantiveram a mesma narrativa: ainda não há informações oficiais suficientes para qualquer manifestação mais incisiva, sendo necessário aguardar o envio do inquérito policial à Câmara.

Durante a sessão, o tema não foi mencionado em nenhum discurso na tribuna. O único momento em que a questão veio à tona foi quando a Mesa Diretora formalizou o afastamento dos dois parlamentares, conforme determinação da Justiça.

A presidente da Câmara, vereadora Paula Calil (PL), reforçou que o processo será conduzido com total transparência e descartou qualquer julgamento antecipado.

“Estamos aguardando o andamento das investigações, não estamos fazendo nenhum pré-julgamento. Precisamos ter acesso às informações. O que nós sabemos é o mesmo que vocês sabem através da mídia. Inclusive, logo após a operação na terça-feira passada, a procuradoria se manifestou com a intenção de ser habilitada no processo, para que tivéssemos acesso e pudéssemos tomar as providências cabíveis”, afirmou.

O presidente da Comissão de Ética, vereador Eduardo Magalhães (Republicanos), seguiu o mesmo tom. Ele destacou que qualquer possível abertura de comissão processante dependerá da formalização da denúncia e do acesso aos autos.

“Eu não quero cometer nenhum tipo de ilegalidade. Então, a partir do momento que a denúncia for direcionada ao Conselho de Ética, faremos uma reunião, com participação da procuradoria, que já pediu para ser habilitada no processo. Não vamos nos basear em matérias de jornais ou sites, mas sim no processo em si, para dar legalidade e evitar problemas futuros”, explicou. 

A vereadora Michelly Alencar (União) também defendeu a necessidade de respeitar todos os trâmites, lembrando que casos anteriores de cassação já foram revertidos. “Precisamos validar o trabalho da polícia e ter cautela para não errar. Como sempre tivemos em outros casos, respeitamos os prazos e ouvimos todos os envolvidos. Não vamos tomar posicionamentos de forma antecipada”, disse. 

Na mesma linha, o vereador Daniel Monteiro (Republicanos), que também é advogado, disse que o caso precisa ser acompanhando com serenidade e citou o artigo 5º , inciso 57 da Constituição Federal sobre a presunção de inocência.

“A gente precisa acompanhar com toda a serenidade o que o Judiciário, o que a Polícia civil e o Ministério Público estão produzindo, mas o dever de direito quem tem que investigar são eles. O que eu não posso é julgar preliminarmente um colega meu de profissão. Lógico, quem for culpado tem que pagar. Agora, é impossível a gente acusar, a gente condenar alguém antes dele ser condenado na Justiça”, disse Daniel.

 

O vereador Rafael Ranalli (PL) também defendeu prudência, afirmando que as investigações devem seguir para esclarecer os fatos. “A gente é colega aqui de trabalho, porém a gente espera que as investigações evoluam e chegue a conclusão. Se estão envolvidos, que paguem, e se se não estão, que seja esclarecido pelo menos... Acredito que é uma fase e que a polícia venha e esclareça os fatos porque pau que bate em Francisco bate em Chico também”, disse o veredor Rafael Ranalli (PL).

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