O advogado Conrado Pavelski Neto, que representa Regivaldo Batista Cardoso, viúvo de Cleci Calvi Cardoso e pai de Miliane, Manuela e Melissa Calvi Cardoso, garantiu a imparcialidade do Conselho de Sentença escalado para o júri popular do réu Gilberto Rodrigues dos Anjos. Ele está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) pelo assassinado e estupro das mulheres, em Sorriso. O jurista afirmou que a exposição midiática do caso na cidade poderá interferir no júri ou na segurança do réu não tem embasamento.
De acordo com Pavelski, Gilberto já passou por outros dois júris este ano por crimes que cometeu no passado, como o homicídio do jornalista Osni Mendes, ocorrido em 2013 na cidade de Mineiros (GO), e por estupro de uma mulher em Lucas do Rio Verde no ano de 2023. Diante disso, ele discorda da alegação de comprometimento dos jurados por serem moradores da cidade, assim como a afirmação de risco à integridade física do réu.
“A alegação da Defensoria Pública com relação aos jurados serem parciais, falando que isso foi muito noticiado, o Brasil inteiro soube da situação. Os próprios desembargadores disseram que isso é de cunho nacional e lá em Cuiabá se fosse realizado todo mundo tem conhecimento também. As pessoas não vão julgar por aquilo que tem na mídia. O jurado vai julgar pelo que tem no processo, pelas provas. Não é porque a mídia tá expondo as situações que isso vai interferir ou não”, argumentou.
A fala do advogado diz respeito ao pedido feito pela Defensoria Pública, que advoga pelo réu, para que o júri não ocorresse em Sorriso. Pavelski citou que se o julgamento não fosse em Sorriso, a logística da família de Regivaldo seria dificultada, já que todos residem na cidade.
“Que pena a segurança do acusado, tudo que ele cometeu e tem essa preocupação. Ele já foi julgado em Lucas, sem problema nenhum, em Mineiros também. O estado tem que fornecer segurança e Sorriso tem segurança para isso”, garantiu.
Conforme Pavelski, as provas são contundentes e também serão apresentadas as qualificadoras para cada um dos crimes cometidos. Segundo ele, para cada uma das 4 vítimas pesa as qualificadoras de meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, feminicídio e o fato do crime ter sido cometido na frente de familiar, no caso da mãe em frente as filhas e das meninas na presença da genitora. Existem ainda outras qualificadoras, mas por motivos de segurança ele preferiu não comentar.
Em relação à possibilidade do público acompanhar o julgamento, o advogado cita que por hora não há definição sobre isso, mas que possivelmente ocorrerá devido à quantidade limitada de pessoas de forma presencial. Já sobre uma transmissão online alertou para que, caso seja transmitido, certos momentos sejam cortados por conta de informações que constam no processo e por conteúdos considerados muito "pesados" para o público.
O advogado ainda comentou que na última quinta-feira (17), quando o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) tinha como uma das mais de 40 pautas do dia o julgamento da questão do desaforamento, pediu para que fosse votado o quanto antes, já que por excesso de processos o caso poderia ficar de fora e ser votado em sessão extraordinária só em 31 de julho, próximo ao dia do julgamento, agendado para 7 de agosto deste ano.
O TJ então julgou e acolheu os argumentos do Ministério Público Estadual (MPMT) e negou mudança do júri popular de Gilberto Rodrigues dos Anjos de Sorriso para Cuiabá. O réu está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) pelo caso conhecido como “Chacina de Sorriso”, onde estuprou e matou a mãe e suas 3 filhas após invadir a casa da família.