Diante da ausência de ações da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), os funcionários que atuam no Centro Socioeducativo Pomeri realizam um protesto amanhã em frente a unidade destinada à internação de adolescentes infratores e votam o indicativo de greve da categoria. A situação agravou esta semana, quando ocorreu um princípio de motim em uma das alas e a Justiça interferiu nas negociações.
Presidente do Sindicato da Carreira dos Profissionais do Sistema Socioeducativo do Estado de Mato Grosso, Paulo César de Souza, afirma que a gestão proposta pelo Estado dentro do Pomeri descumpre as determinações do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e a própria legislação estadual. Cita que entre as irregularidades está a escolha dos dirigentes da unidade, que ocupam cargos por indicação política, quando na verdade o serviço deveria ser desempenhado por um funcionário de carreira. O número insuficiente de agentes é outro ponto.
Segundo Souza, outro problema grave é o fato da Sejudh não ter uma posição firme nas ações voltadas para o Pomeri e isso faz com que a Justiça interfira no modo de atuação do sistema, o que pode prejudicar o andamento do trabalho dos funcionários e os colocar em risco. Cita como exemplo o motim de segunda-feira (7), quando um adolescente rendeu o colega de cela, alegando maus-tratos dos agentes.
Para liberar o outro infrator, o jovem exigiu uma carteira de cigarro. O pedido foi atendido pela Vara da Infância e Juventude. No entendimento do sindicalista, o motim foi apenas uma simulação para que os jovens conseguissem o fumo. “Dentro da unidade não temos voz nenhuma. Tudo o que os adolescentes falam é acatado e não somos respeitados por esse tipo de comportamento. Como a Sejudh não interfere, ficamos nas mãos dos infratores”.
OUTRO LADO - A Sejudh marcou uma reunião com o Sindicato para hoje, às 14h, e somente após o encontro comentará o assunto.