O Valore Day Hospital se manifestou sobre o indiciamento do médico cirurgião, Rodrigo Bernardino pela morte da estudante Thayane Oliveira Sousa Leal, de 35 anos, durante cirurgia plástica em outubro de 2024, em Cuiabá. Segundo a Polícia Civil, ele responderá pelo crime de homicídio culposo.
A estudante sofreu complicações durante o procedimento estético e foi reanimada, mas, na clínica onde estava, não há Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela foi encaminhada para um hospital particular com UTI integrada, mas no caminho, sofreu outra parada cardiorrespiratória.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (11), o grupo lamentou a morte da paciente e alegou que a ausência de UTI física na estrutura interna do Valore não desqualifica o modelo de assistência. Afirmou que a instituição hospitalar é devidamente licenciada e respeita cada vida.
A Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu o inquérito que apurou a morte da estudante e indiciou o médico Rodrigo Bernardino, responsável pelo procedimento que resultou na morte da paciente.
Foram ouvidos o marido da vítima, a funcionária da clínica que havia sido designada como acompanhante de Thayane, a médica que declarou a morte, a médica anestesiologista que participou da cirurgia, o anestesiologista responsável pela consulta pré-cirúrgica, a enfermeira que passou a sonda na paciente e o médico cirurgião responsável pelo procedimento.
Thayane Oliveira foi internada em uma clínica de Cuiabá no dia 23 de outubro de 2024 para realizar dois procedimentos em uma mesma cirurgia: abdominoplastia e lipoaspiração. Porém, durante a cirurgia, sofreu uma parada cardiorrespiratória. A equipe conseguiu reanimá-la, mas na clínica onde estava, não havia Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de modo que ela foi encaminhada para um hospital particular com UTI integrada. No entanto, no trajeto, sofreu outra parada cardiorrespiratória.
A estudante deu entrada no hospital, onde a equipe médica realizou novas manobras de ressuscitação, mas sem sucesso, e o óbito foi confirmado. Nos depoimentos à Polícia Civil, o marido de Thayane afirmou que a estudante realizou vários exames previamente, que atestaram sua aptidão para a cirurgia.
No dia do procedimento, o hospital informou que a cirurgia teria duração de 4 a 5 horas e que ele receberia ligações a cada 1h30 com notícias da esposa. A primeira ligação confirmou que a cirurgia estava ocorrendo normalmente. Porém, após esse contato, não teve mais notícias. Preocupado com a ausência de comunicação, ele tentou contato com a recepção.
Só após algumas horas o médico responsável pela cirurgia foi até o quarto e comunicou que a esposa havia sofrido uma parada cardiorrespiratória e que a equipe estava tentando reanimá-la. Pouco depois, foi informado que Thayane havia sido reanimada e seria transferida para outro hospital, com UTI.
Durante o trajeto, ela sofreu uma segunda parada cardiorrespiratória e, ao dar entrada no hospital, faleceu. O marido contou que, após a morte da esposa, o hospital devolveu o dinheiro que o casal havia pagado pela cirurgia.
A funcionária do hospital, que havia sido designada como acompanhante de Thayane, disse que acompanhou todo o procedimento, viu a parada cardiorrespiratória e que o cirurgião plástico e toda a equipe tentaram reanimar a vítima por cerca de uma hora, conseguindo estabilizá-la. A médica anestesiologista que participou da cirurgia afirmou que recebeu o prontuário de Thayane antes do procedimento, e que todos os exames realizados, além da consulta pré-anestésica, estavam normais.
A cirurgia ocorreu sem intercorrências até, já no final do procedimento, a quando a paciente, com o corpo virado para baixo, teve os sinais vitais parados de forma súbita. A equipe médica conseguiu estabilizá-la, chamou uma ambulância e a encaminhou para outro hospital, onde acabou morrendo.
O médico anestesiologista responsável pela consulta pré-anestésica de Thayane também afirmou que todos os exames estavam normais e que, no dia da cirurgia, já havia saído de outro procedimento, mas foi alertado da intercorrência e retornou para ajudar. A enfermeira que passou a sonda em Thayane afirmou que a deixou na maca com respiração adequada, pressão arterial normal e tudo em ordem. Quando foi chamada novamente, a vítima já estava em parada cardiorrespiratória, e a equipe tentava reanimá-la.
O cirurgião plástico responsável pela cirurgia declarou que todo o procedimento ocorreu dentro da normalidade, sem perfurações ou erros de sua parte ou da equipe. Contudo, no final da cirurgia, com a paciente deitada de bruços, os sinais vitais ficaram instáveis, houve queda de saturação e, posteriormente, uma parada cardiorrespiratória.
Ele afirmou que as manobras de ressuscitação começaram imediatamente e, após estabilizar a paciente, ela foi transferida de ambulância para outro hospital, onde ficou por algumas horas antes do óbito ser declarado. O cirurgião também declarou que acompanhou toda a transferência, desde a procedimento na clínica até a internação na segunda unidade médica.
Após diligências, oitivas e análises de laudos, o delegado Marcelo Carvalho concluiu que houve negligência por parte do cirurgião plástico responsável pelo procedimento a que Thayane foi submetida. Assim, o médico foi indiciado por homicídio culposo. O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público Estadual (MPE).
NOTA
O Hospital Valore, por meio de sua Diretoria Médica e Administrativa, manifesta publicamente seu profundo pesar pelo falecimento da paciente Thayane Oliveira Sousa Leal, ocorrido em 2024.
Diante das manifestações e questionamentos surgidos, consideramos nosso dever esclarecer, com a devida responsabilidade e transparência, informações essenciais sobre o funcionamento e a estrutura do nosso Hospital.
Desde a sua fundação, em 2018, o Hospital Valore já realizou mais de 12 mil cirurgias eletivas, sempre pautado por um compromisso inegociável com a segurança, a ética médica e o bem-estar dos pacientes. Contamos com mais de 150 protocolos clínicos e operacionais seguidos rigorosamente, todos baseados em diretrizes nacionais e internacionais, assegurando um padrão de excelência que é reconhecido e nos distingue.
É importante afirmar com absoluta clareza: o Hospital Valore é, de fato, um hospital, com centro cirúrgico completo, estrutura de urgência com leito avançado, equipe multidisciplinar altamente qualificada e planos de contingência robustos para qualquer intercorrência.
Assim como ocorre em diversas instituições hospitalares do Brasil, nos casos em que há necessidade internação prolongada, realizamos com total responsabilidade a transferência do paciente para unidade com suporte intensivo prolongado.
Quanto à nomenclatura "Day", esclarecemos que ela se refere ao modelo assistencial focado em procedimentos de curta permanência. No entanto, o Hospital Valore funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, com profissionais preparados para atuar com responsabilidade e agilidade em diferentes situações clínicas.
Ressaltamos ainda que a ausência de UTI física na estrutura interna não desqualifica nosso modelo de assistência, tampouco nos caracteriza como clínica. Somos uma instituição hospitalar devidamente licenciada, que opera excelência nos processos, robustez nos cuidados e o respeito absoluto por cada vida.
Reafirmamos à sociedade nosso compromisso com a ética, a segurança ea excelência assistencial, e permanecemos à disposição para apresentar esse modelo de cuidado moderno, responsável e centrado no paciente.
Hospital Valore
Diretoria Médica e Administrativa
Cuiabá, 11 de julho de 2025
Leal
Sábado, 12 de Julho de 2025, 19h44Cuiabano
Sábado, 12 de Julho de 2025, 12h32