João Vieira
Em vez de calçadas, obstáculos. Cuiabá transformou o espaço do pedestre em um percurso de abandono. Quando existem, as calçadas da cidade estão tomadas por buracos, mato alto, lixo, entulhos de construção e até postes de iluminação e sinalização que invadem o espaço que deveria ser do pedestre. O problema é generalizado, e do Centro Histórico aos bairros mais nobres e periféricos, a capital mato-grossense escancara a ausência de acessibilidade e cuidado com quem anda a pé.
No Centro Histórico, um dos pontos mais críticos da cidade, o cenário é de abandono; trechos com o piso completamente destruído, calçadas estreitas tomadas por mato ou ocupadas por postes de iluminação e sinalização, sem contar os buracos e bocas de lobo quebradas. Em grande parte da cidade, não há rampas, sinalização tátil ou espaço adequado para pessoas com deficiência. Para quem depende das próprias pernas para circular pela capital, o trajeto exige atenção redobrada e, muitas vezes, desvio para o meio da rua.
“A gente não anda, a gente desvia. Desvia do lixo, do buraco, da obra mal acabada. Tem lugar que nem dá para passar com carrinho de bebê, imagina para uma pessoa com deficiência”, relata Pedro Jaime, 63 anos que é deficiente. Com uma perna mecânica, ele conta que, quando pode, procura escolher as ruas por onde irá passar, mas lembra que na região centra da Capital, isso é um pouco mais difícil.
“Hoje mesmo estou passando por essa porque tem menos problemas, mas ainda assim tem muitos, o que aumenta a minha dificuldade para andar”, afirma ao caminhar pela rua Campo Grande, no Centro Histórico. A rua, na opinião dele, é uma “das melhorzinhas” em relação à calçada. Já uma das piores, segundo o aposentado, é a Voluntários da Pátria, onde as calçadas estão todas quebradas.
“Por lá eu já nem passo, muito dificuldade para quem tem deficiência ou mobilidade reduzida”. Nas duas ruas as dificuldades para transitar são diversas, e vão desde as calçadas estreitas, até mesmo postes, concretos se soltando, escoras e enormes buracos. Outra calçada com problemas está na avenida Tenente Coronel Duarte, a Prainha, na esquina com a rua Cândido Mariano. Lá parte do passeio público já nem existe. Tânia Mendes, 58, passa por elas todos os dias, e já chegou a tropeçar. “Estou com um problema no joelho e acho que é resultado do tropeção que dei bem aqui nessa calçada”.
Outro lado
A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Sorp) deu início no dia 5 de maio à organização urbanísticas da região central de Cuiabá conforme a legislação vigente, em especial a Lei Complementar nº 004/1992 e demais normas de mobilidade da capital. A ação começou com a notificação dos comerciantes ambulantes, que ocupam de forma inadequada as calçadas, uma das principais reclamações da população, especialmente de pessoas com deficiência, que têm sido prejudicadas pela presença desordenada de barracas.
O município atua para realocar os ambulantes que utilizam traillers, barracas, carrinhos de mão, furgões, tendas, bancas, cavaletes e outros itens instalados de forma irregular sobre calçadas de logradouros da Rua 13 de Junho e vias do entorno do Centro Histórico de Cuiabá, sem autorização municipal.
JOAO DA SILVA
Quarta-Feira, 21 de Maio de 2025, 14h52Pedro Neves
Quarta-Feira, 21 de Maio de 2025, 09h12