A crise migratória que atinge parte da Europa foi vista de perto por duas estudantes de Mato Grosso que voltaram recentemente da Hungria. Rota de passagem para ricos países europeus, a Hungria tem adotado duras medidas para reprimir a entrada de pessoas que estão fugindo de países como a Síria, Iraque e Afeganistão. “Vi famílias inteiras jogadas em estações de trem em Budapeste”, disse Patricia Bublitz do Nascimento, de 24 anos.
Patricia e Natalie Lafayette, de 21 anos, estão no 6º semestre do curso de arquitetura e urbanismo na Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso), campus Barra do Bugres, distante 169 km de Cuiabá, e estudaram no país europeu por meio do programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal. As duas viajaram para a Hungria em fevereiro de 2014 e retornaram em agosto deste ano.
“A situação começou a ficar mais visível em meados de junho, julho, com o aumento de pessoas de outros países chegando a Budapeste. Dava pra ver muitos refugiados na região central da cidade”, contou Natalie. Na mesma época, ela disse que começou a ver banners na cidade com os dizeres “A Hungria é para os húngaros”.
Sobre esses banners, Patricia diz que ficou claro que a mensagem era especificamente para os nativos, já que eram escritos no idioma local. "Ou seja, era como se estivesse incitando os cidadãos a irem contra os migrantes", declarou.
Patrícia também relatou que viu muita indiferença em Budapeste em relação à situação dos refugiados. “Tinha muitas famílias com crianças, às vezes três ou quatro crianças, ao relento, sem comida, e as pessoas simplesmente passavam e fingiam que não havia nada de errado naquela cena".