Quarta-Feira, 29 de Julho de 2020, 13h:47 | Atualizado:
SOFRIMENTO DUPLO
Corpo de Erasmo Benedito da Silva era para ser levado para Poconé, mas foi enterrado em Cuiabá como indigente
Familiares de Erasmo Benedito da Silva, 50 anos, que morava de Poconé e morreu no Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá, nesta terça-feira (28), denunciam que ele foi enterrado como indigente num cemitério da Capital, sem autorização e sem qualquer comunicação prévia aos familiares que aguardavam o translado do corpo para ser enterrado na cidade onde residia. Um irmão da vítima fez um texto e divulgou no WhatsApp relatando toda a situação que pegou a família de surpresa. Também exige previdência dos responsáveis pelo erro.
Certidão de óbito registrada no Cartório Xavier de Matos, em Cuiabá, que FOLHAMAX teve acesso confirma que Erasmo morreu em decorrência da Covid-19. O documento aponta como causa da morte "insuficiência respiratória aguda, covid-19, doença renal crônica e hipertensão arterial sistêmica".
Consta ainda na certidão de óbito, que a morte do morador de Poconé foi confirmada à 1h do dia 28 de julho e que o local do sepultamento era o Cemitério de Poconé. A guia de sepultamento também emitida pelo Cartório Xavier de Matos confirma a causa da morte, o nome da médica que atestou o óbito por Covid-19 e deixa claro que o sepultamento deveria ocorrer no cemitério da cidade onde a vítima morava. Apesar disso, Erasmo foi enterrado em Cuiabá, pois teria sido confundido com outra pessoa que também morreu em decorrência da Covid-19.
Conforme relato de um irmão, a família estava ciente da morte de Erasmo Benedito. Outro irmão foi no Hospital Santa casa para pegar a certidão de óbito e acompanhar como seria a liberação do corpo, se poder vê-lo. "Disseram que não podia ver, minha cunhada cuidou do translado até aí tudo certo, tudo pela Prefeitura aqui de Poconé, para trazer o corpo", diz o texto.
Em seguida, o familiar revela todo o drama e descaso enfrentado em busca da liberação do corpo. "O rapaz que foi buscar o corpo ficou por mais de 4 horas aguardando a liberação do corpo e nada, minha cunhada ligava toda hora pra assistente social e toda hora uma desculpa, não tinha maqueiro, estava aguardando chegar maqueiro, e nada, enfim no por volta das 18:30 disseram para ir alguém da família reconhecer o corpo e liberar por que só hoje tinha morrido umas 7 pessoas de covid".
Ele relata também sobre a espera pelo familiar para o sepultamento, que não ocorreu. "Toda nossa família ja estava aqui em Poconé aguardando o corpo, pedimos para um primo nosso que estava em Cuiabá pra ir la, por fim, meu irmão ja não estava mais lá por que foi enterram como indigente, confundiram com outro corpo, cometeram um erro gravíssimo, eu pergunto quantas famílias não foram enganadas. Por que o caixão já vem fechado só para enterrar", denunciou o familiar.
No Facebook, outros familiares e amigos também fizeram desabafos exigindo respeito e pedindo ajuda para que a família consiga reverter a situação para que Erasmo seja enterrado na cidade onde morava. "Queremos justiça ele não é cachorro não, tem família e nós todos estávamos esperando o corpo para o cortejo aqui em Poconé. Pedimos ajuda das autoridades da nossa cidade aqui ele é filho da nossa Poconé isso é muito desumano com as pessoas pedimos ajuda a todos", escreveu Roselaine Silva.
Outra publicação sobre o assunto foi feita por um morador de Cuiabá, que conhece a família de Erasmo. "Gente aconteceu uma coisa muito desagradável um dos nossos conterrâneo faleceu aqui em Cuiabá com covid foi feito todos as documentações para o translado pra Poconé, mas aconteceu o pior enterraram o corpo como indigente e povo esperando o corpo para ser sepultado povo poconeano precisamos de justiça tudo isso por trás é dinheiro em jogo autoridade de Poconé ajuda nós fazer pelo nosso povo", postou Acelino Flaviano no Facebook.
A Prefeitura de Cuiabá explicou ao FOLHAMAX que corpo de Erasmo Benedito da Silva não foi enterrado como indigente. Garantiu que a documentação estava toda legalizada, inclusive com guia de translado para o município de Poconé, emitido pelo hospital onde ele morreu e retirada pela Pax de Poconé, funerária responsável pelos procedimentos.
Ainda não há qualquer pronunciamento oficial por parte do Governo do Estado sobre a situação envolvendo a troca de corpos que resultou no sepultamento da pessoa errada.