Funcionários denunciam caos em Consórcio; falta até cimento no BRT

 

Funcionários responsáveis pelas obras do BRT (Ônibus de Transporte Rápido), que estão atrasadas, denunciam a falta de materiais básicos para o canteiro de obras e também o descumprimento de direitos trabalhistas. Em reportagem exibida no Jornal de Meio Dia, da TV Vila Real, os trabalhadores, de identidade não revelada, desabafaram sobre as situações que enfrentam na execução do modal de transporte entre as duas maiores cidades do Estado.

Na semana passada, os terceirizados ameaçaram greve por conta do atraso dos salários. Nesta quinta-feira (23), eles informaram que receberam a remuneração, mas reclamaram da falta de material, como o cimento, e por isso a obra está parada. “Falta material, nós temos mão de obra aqui, mas falta cimento, concreto. Somos de outras regiões do país, deixamos nossa família e eles ficam nesse impasse se manda ou não embora”, desabafou. 

O terceirizado ainda disse que há dívidas com alojamento, hospedagem e alimentação dos funcionários. “Se não tem dinheiro para pagar manda embora, mas não nos maltrate. Não pagou a concreteira, está devendo restaurante além de três meses do hotel que a gente mora”, emendou.

Outro trabalhador reclama que foi demitido em dezembro de 2024 e até o momento não recebeu os direitos trabalhistas. “Eu sai dia 11 e minha multa rescisória até hoje não saiu e toda vez que vou procurar [a empresa] eles falam pra ir na semana que vem porque não tem dinheiro em caixa, mas o Governo falou que já pagou em dia, não sei qual que tá mentindo”, lamentou.

O governador Mauro Mendes (UB) já demonstrou diversas vezes estar insatisfeito com o atraso das obras que passam pela Avenida Historiador Rubens de Mendonça, a Avenida do CPA, na Capital. Quem administra a obra é o Consórcio Construtor BRT Cuiabá, formado pelas empresas Nova Engevix Engenharia e Projetos S.A, Heleno & Fonseca Construtécnica S.A, e Cittamobi Desenvolvimento em Tecnologia Ltda.

Por outro lado, o conglomerado alega diversos problemas de projetos e até mesmo políticos, como a ‘briga’ entre o próprio governador e o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), na qual o emedebista não permitia que as obras se iniciassem. Ao todo, o modal terá extensão de 35 quilômetros, sendo 26 km em Cuiabá e outros 8,9 km em Várzea Grande. A previsão é de que o BRT registre 150 mil embarques por dia. No momento, as obras estão paralisadas na altura da sede do prédio da Polícia Federal na capital e em ajustes na cidade vizinha.

NOTA OFICIAL

Em resposta à reportagem exibida na TV Record e replicada em outros veículos de comunicação, o Consórcio BRT Cuiabá informa que as afirmações mencionadas pelas fontes entrevistadas não procedem com a realidade dos fatos. Os funcionários estão recebendo seus salários, com todos benefícios assegurados.

O Consórcio BRT alugou e reativou um hotel para alojar os colaboradores, assim como equipou os dormitórios para garantir conforto e boas acomodações à equipe. Diariamente, são servidas três refeições completas aos colaboradores - café da manhã, almoço e jantar - e não há registro de qualquer falta neste fornecimento.

Ressaltamos ainda que todos os direitos trabalhistas estão sendo rigorosamente cumpridos, sem pendências com indenizações ou benefícios. Reiteramos que as negociações em andamento com a Sinfra não trouxeram impacto ao bem-estar dos 300 funcionários. Eles seguem desempenhando suas funções, priorizando a conclusão dos trechos que irão garantir melhor trafegabilidade e mobilidade urbana para a população.