O juiz da Vara de Ações Civis Públicas do Tribunal de Justiça (TJMT), Bruno D’Oliveira Marques, determinou o desmembramento de um dos processos derivados da operação “Abadom”, que apura o envolvimento de investigadores e um delegado da PJC na “proteção” a traficantes de drogas.
Em decisão publicada nesta sexta-feira (23) o juiz determinou o desmembramento - a separação de um processo que dá origem a um outro processo, com réus específicos -, em razão do falecimento do ex-delegado da PJC, João Bosco Ribeiro de Barros, um dos alvos da operação “Abadom”.
O magistrado observou que os herdeiros do ex-delegado deverão responder ao processo, que em caso de condenação poderão restituir recursos aos cofres públicos. Bruno D’Oliveira Marques também revelou que os autos, que tramitam desde 2014, já se encontram na fase de julgamento.
“Considerando que tal providência retornaria o feito à fase de conhecimento, e que o feito já se encontra em fase de julgamento, estando em trâmite neste Juízo desde o ano de 2014, entendo que o melhor caminho é o desmembramento da ação no que se refere ao Espólio de João Bosco Ribeiro de Barros”, determinou o magistrado.
Curiosamente, um dos representantes do espólio - os direitos e deveres de alguém falecido, geralmente da responsabilidade de filhos ou viúvos -, do delegado poderia ser sua ex-esposa, Gláucia Cristina Moura Alt, investigadora da PJC, e também alvo da operação “Abadom”.
O juiz também determinou a suspensão do processo por 2 meses após o desmembramento para regularização do processo, como a habilitação dos herdeiros (espólio).
O ex-delegado e a investigadora respondem na Justiça pelos crimes de corrupção passiva e associação criminosa. Investigações realizadas contra o ex-casal apontaram que eles trabalharam para “acobertar” o tráfico de drogas em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá.
Os membros da PJC também são acusados de sequestrar o traficante Volcimar Pires de Barros, o “Velho,” e cobrar R$ 180 mil de “resgate”.
Ainda de acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado (MPMT), um traficante identificado como Marco Antônio da Silva, conhecido como “Neném”, teria pago R$ 50 mil pela “proteção” de Gláucia - que negociava diretamente com o criminoso por telefone.
Numa das conversas interceptadas pelas investigações, Gláucia avisa a “Neném” para ele “tomar cuidado” com um policial militar que devia dinheiro ao traficante. Em razão do não pagamento da dívida, “Neném” teria “tomado” uma Fiat Strada do PM, que ficou “só o ódio” com o cobrador e passou a persegui-lo. João Bosco Ribeiro de Barros faleceu em março de 2024 aos 69 anos de falência renal, em Cuiabá.