A juíza Danila Gonçalves de Almeida, da Vara Federal de Barra do Garças, determinou, na tarde desta quinta-feira, o bloqueio das contas do cacique Xavante, Damião Paridzané. Ele é acusado de receber dinheiro de pecuaristas que arrendam parte da terra indígena Maraiwatsede para criação de gado.

O cacique foi um dos alvos da Operação Res Capta, deflagrada hoje pela Polícia Federal. A ação visa combater o arrendamento ilegal da terra indígena, bem como pagamento de propina para servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio) e ao próprio cacique.

Após o cumprimento dos mandados de prisão e busca e apreensão, bem como a evidência da prática de crimes, a Justiça Federal foi acionada para determinar o bloqueio das contas do líder indígena. “Entendo haver-se reunido indícios suficientes do recebimento de valores por Damião Paridzané  provenientes do arrendamento ilegal de áreas na Terra Indígena Maraiwatsede, suficientes para se acolher o pedido de sequestro de valores”, diz a decisão.

A magistrada destaca que “deverão ser excluídos depósitos em contas bancárias e de poupança, até o limite de 50 e 40 salários-mínimos respectivamente, na forma do artigo 833, X e § 2º do Código de Processo Civil”.

R$ 900 MIL POR MÊS

De acordo com as investigações, o líder indígena recebia cerca de R$ 900 mil por mês para arrendar parte da terra Maraiwatsede para grandes criadores de gado. Presos na operação de hoje, o coordenador da Funai em Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva, e o policial militar do Amazonas, Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza, confirmaram que o cacique recebia algo em torno de R$ 1 milhão mensal.

“A gente pode afirmar que o Paridzané  tem uma renda de R$  899 mil por mês depositada até o dia 15”, revelou.

Na operação, os policiais federais apreenderam uma Hilux Sw4 do indígena que teria sido recebida como “pagamento” pelo arrendamento das terras. No veículo, havia uma bolsa com mais de R$ 13 mil em “dinheiro vivo”.

Não houve mandado de prisão contra o cacique.

Além de Jussielson e Gerad Maximiliano, a operação prendeu o ex-policial Enoque Bento de Souza. Eles passarão por audiência de custódia.