A médica afastada pela Prefeitura de Sinop (500 km de Cuiabá) por suspeita de negligência após a morte da garotinha Manuella Tecchio, de três anos, falou sobre o caso e contesta a postura da Secretaria Municipal de Saúde, por não afastar os demais profissionais que também atenderam a paciente. A criança morreu no dia 7 deste mês depois de ter buscado atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e ter sido atendida inicialmente pela médica que agora está sendo investigada numa sindicância interna.
Sob a condição de não ter seu nome e nem imagem divulgados, ela concedeu entrevista ao Programa Balanço Geral da Real TV de Sinop, nesta quarta-feira (15) e disse temer represálias. A profissional afirmou que não foi responsável pela morte da menina e que no primeiro atendimento não havia sintomas que pudessem motiva uma internação ou indicar a gravidade do caso.
O pai de Manuella, Lucas Pootz, disse que a filha apresentava tosse seca que evoluiu para algo mais grave. Ao encaminhar até a UPA, a criança recebeu atendimento rotineiro e a médica avaliou que os exames de urina e sangue estavam normais. No dia seguinte, ao retornarem, em novo atendimento, foi constatado que o pulmão da menina estava comprometido. Manoella foi sedada e morreu poucas horas depois.
Segundo a médica, os exames analisados por ela no primeiro atendimento estavam “dentro do limite da normalidade”. Na entrevista, ela pontuou que outros dois médicos também analisaram os laudos e não foram afastados pela Prefeitura de Sinop. “Acho que isso é uma injustiça, a gente precisa realmente de resposta, mas estão colocando a culpa apenas em mim. E isso induz até a família a achar que fiz alguma coisa que falhou”, afirma a médica.
Ao comunicar o afastamento da profissional, a Prefeitura de Sinop informou ter aberto uma sindicância para apurar o caso e a conduta da médica. Ela, no entanto, contesta essa investigação, pois afirma não ter visto nenhum documento nesse sentido e nem foi consultada e nem ouvida.
Segundo a profissional, seu afastamento não foi esclarecido nem para ela. “Ninguém me justificou, simplesmente me afastaram. Na verdade, eles abriram uma sindicância, mas não tenho um documento que me prove que foi aberto uma sindicância, simplesmente me afastaram, tentaram achar um culpado e escolheram a mim”, desabafou.
Para o advogado criminalista, Marcos Vinicius Borges, que assumiu a defende a médica e articulou a entrevista dela para a TV de Sinop, o processo de triagem da UPA não constatou atendimento prioritário, de modo que o atendimento ocorreu dentro da normalidade. “O prontuário é claro e demonstra que a criança passou por uma triagem antes de passar pelo primeiro atendimento, e nessa triagem foi constatado que a criança não estaria qualificada para o atendimento prioritário, desta maneira, o primeiro atendimento que foi realizado pela médica afastada foi dentro da normalidade”, garante o jurista.
O caso é apurado pela Secretaria de Saúde de Sinop.
D.O.A
Sexta-Feira, 17 de Março de 2023, 10h08SOCIEDADE
Sexta-Feira, 17 de Março de 2023, 09h57