O Ministério Público Federal (MPF) determinou a abertura de um inquérito civil público para investigar uma suposta exploração ilegal de madeira em terras indígenas de Mato Grosso. O crime ambiental estaria sendo cometido por madeireiras ligadas a um grupo de empresários asiáticos.
Conforme a portaria nº 62, de 21 de agosto de 2015, as supostas irregularidades ambientais estariam acontecendo na área Indígena Panará, localizada em Guarantã do Norte (distante 659,80 km da capital). De acordo com as investigações do MPF, cerca de 20 áreas indígenas do Estado, localizadas na região da Amazônia Legal, estariam sendo alvos dessa modalidade de crime ambiental.
As investigações partiram de um relatório que foi elaborado por uma comissão de parlamentares que, na época, deu início ao mapeamento dessas áreas. O relatório produzido pela comissão, entre anos de 1996 e 1997, apontou que 19 madeireiras foram identificadas atuando dentro de Terras Indígenas de Mato Grosso. Ainda segundo o relatório, teriam sido identificadas relações dessas empresas com holdings sediadas nas Ilhas Cayman. O referido relatório apontou que os acionistas asiáticos estariam por trás de três holdings e um complexo esquema de empresas subsidiárias ligadas à atividade criminosa.
Diante da constatação feita pelo relatório, o MPF informou que reabriu o caso e determinou, no mês passado, a abertura de um inquérito para retomar as investigações sobre essas irregularidades nas terras da União. Conforme informações do órgão, um ofício foi remetido para Fundação Nacional do Índio (Funai), bem como para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com objetivo de receber informações sobre a possível exploração de madeira clandestina dentro da terra indígena. Contudo, o MPF disse que, até então, ainda não recebeu nenhum parecer dos órgãos citados.
Já o Ibama informou que, no mês passado, efetuou uma operação com apoio da Força Nacional de Segurança em uma dessas áreas indígenas. Durante a operação na terra indígena Menkragnoti, os agentes do órgão efetuaram a prisão de um índio e um madeireiro. Segundo o Ibama, os agressores, que portavam uma espingarda calibre 22, fizeram ameaças de morte aos agentes com a intenção de incendiar as viaturas. O conflito teria acontecido em decorrência de operação na região contra roubo de madeira executado por madeireiros com consentimento de índios.
O Ibama detectou, ainda, a ocorrência de corte seletivo no interior da terra indígena por meio do monitoramento via satélite de imagens em alta resolução. A fiscalização encontrou, no local, cerca de 300 toras de madeira, oito ramais (estradas clandestinas feitas pelos infratores no interior da floresta), o