Cidades Quarta-Feira, 11 de Junho de 2025, 11h:16 | Atualizado:

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MULHERES

Projeto devolve autoconfiança e reduz vulnerabilidade no cotidiano

 

Da Redação

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Seja nos lares ou nas ruas, a qualquer momento uma mulher pode ser alvo de violência física. Sempre vigilante para a realidade das mulheres, o Centro Especializado de Atendimento às Vítimas de Crimes e Atos Infracionais (Ceav), do Fórum de Cuiabá, iniciou, nesta terça-feira (10 de junho), a quarta turma do curso “Mulheres em Defesa”. Este curso ensina técnicas simples e eficazes de defesa pessoal, voltadas para o dia a dia da mulher. A capacitação ocorre em três encontros com duração de duas horas. Os próximos serão nos dias 17 e 24 de junho.

Grávida de sete meses do seu terceiro filho, Aline Souto, de 31 anos, carrega no rosto e no braço as marcas de um ataque que sofreu no Centro da Capital, quando retornava de um posto de saúde. “Ainda estou com hematomas pelo corpo, mas, graças a Deus, consegui correr. Se não tivesse conseguido fugir, temo que o agressor poderia ter cometido outro crime ainda mais grave, o abuso sexual”, relatou a vítima, que também é uma das 30 alunas do curso Mulheres em Defesa.

O projeto foi criado com o propósito de dar condições de defesa às mulheres que já foram vítimas da violência doméstica e estão sob a tutela protetiva da justiça. A partir desta edição, a iniciativa amplia sua atuação ao atender todas as mulheres que queiram aprender técnicas de autodefesa do Krav Maga.

“O curso é indicado para qualquer mulher que esteja vulnerável à violência urbana — o que, infelizmente, é uma realidade comum. Muitas estudam à noite, trabalham até tarde e, por vezes, não têm um ponto de ônibus próximo de casa. São situações que aumentam o risco quando andam sozinhas na rua”, observa a juíza titular da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e coordenadora do Ceav Cuiabá, Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa.

Durante o curso, as participantes são instruídas a se defenderem com segurança das abordagens agressivas, como esganadura, e até como se proteger de ataques de facas e armas de fogo.

“São explicadas situações de risco e orientações de como evitá-las. O professor instrui de forma clara e prática, para que elas saibam como se proteger e como evitar exposição nas situações de risco”, disse a magistrada ao se referir ao instrutor do curso, Leonardo Bocchese.

Já no início da capacitação, Leonardo explica que o preparo técnico das mulheres é necessário para dar chances de fuga, ao considerar que a força masculina representa o dobro da feminina. “Nas situações de risco, é a agilidade que pode fazer a diferença. A partir do uso de técnicas e do conhecimento da leitura corporal, ela consegue se defender e evitar que o pior aconteça”.

O aprendizado visa impedir agressões físicas. Um dos princípios básicos do Krav Maga é que a defesa começa antes mesmo do contato físico, ainda durante a discussão verbal. A defesa envolve como posicionar o corpo, mostrar as mãos e estabelece a distância com o possível agressor.

“Por exemplo: jamais fechar os punhos, pois isso sinaliza que você quer brigar e pode agravar a situação. A comunicação corporal é fundamental para evitar o conflito físico e transmitir a intenção de apaziguamento”, alerta o instrutor, que também explica o porquê de a técnica usar movimentos simples.

“Em momentos de estresse, o corpo não responde a movimentos complexos. Por isso, o curso foca em técnicas simples e funcionais, que podem ser usadas mesmo quando não se sabe como virá o ataque: se será um soco, um empurrão, um agarrão. A defesa deve ser flexível, rápida e segura, pois na realidade não há nada combinado”.

Os ensinamentos repassados na tarde desta terça-feira contribuíram para devolver um pouco da autoconfiança à Aline Souto. “Aprendemos golpes precisos e diretos, mas, acima de tudo, técnicas eficazes de proteção. São movimentos que nos ensinam a nos defender e, ao mesmo tempo, neutralizar uma agressão. É uma forma prática e necessária de garantir nossa segurança”.

Além de aluna, Aline é uma das assistidas do Ceav Cuiabá desde 2021, quando colocou fim a um casamento de 12 anos, marcado por agressões físicas e psicológicas. “Agora estou muito feliz e ansiosa para concluir o curso. Quero compartilhar o que aprendi com outras mulheres — amigas, colegas, minha mãe, minha avó. Acredito que toda mulher deveria ter acesso a esse tipo de conhecimento desde cedo, ainda na escola. Precisamos estar preparadas para nos defender”.

A iniciativa do Poder Judiciário de Mato Grosso é modelo para outros tribunais e está de acordo com o Projeto de Lei nº 1813/2022, que tramita na Câmara de Deputados Federal. A proposta é melhorar a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) para que a União, estados, Distrito Federal (DF) e municípios ofereçam cursos gratuitos de defesa pessoal para mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

Papel do Judiciário na prevenção 

Com iniciativas como essa, o Judiciário de Mato Grosso amplia sua atuação para além de julgamentos de casos de violência e reforça seu compromisso com a prevenção.

“Não basta julgar processos. É preciso empoderar essas mulheres. As estatísticas mostram que a maioria dos feminicídios é cometida com facas — um objeto de fácil acesso, presente em qualquer residência. E já na primeira aula do curso, as participantes aprendem como se defender de agressões com faca e de esganadura. Quantas vidas poderiam ter sido salvas se elas tivessem conhecimento básico de defesa pessoal? Uma técnica simples pode ser decisiva para a sobrevivência em situações extremas”, finaliza a juíza Ana Graziela.

CEAV

O Ceav Cuiabá oferece atendimento multidisciplinar que inclui psicólogos e assistentes sociais para dar suporte integral à vítima. As assistidas recebem orientações relacionadas ao trâmite processual e atendimento e acolhimento de familiares.

Cuiabá

Telefone: 65 3648-6898

Whatsapp: 65 9 99247-1462

E-mail: [email protected]

Endereço (Fórum de Cuiabá – MT | Av. Milton Figueiredo Ferreira Mendes, s/nº Centro Político e Administrativo).

Várzea Grande

Telefone e Whatsapp: 65 3688-8404

E-mail: [email protected]

Endereço (Fórum de Várzea Grande – MT|  Av. Chapéu do Sol – Guarita II, Várzea Grande).





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