Os 25 réus da operação “Renegados” – quadrilha que segundo o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) é liderada pelo investigador da Polícia Judiciária Civil (PJC), Edilson Antônio da Silva -, faturaram em apenas 2 anos mais de R$ 1 milhão. O valor não inclui o “potencial” de preço de mercado de nada menos do que 139 quilos de drogas “roubadas” pelo bando, também obtidas no mesmo período de outros criminosos por meio de extorsão.
As informações constam da denúncia apresentada pelo Gaeco contra os 25 réus investigados na operação “Renegados”, já recebida pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Ana Cristina Silva Mendes, no dia 31 de maio de 2021.
A organização criminosa é composta por policiais e ex-policiais, tanto civis quanto militares, “informantes” e demais apoiadores, especializados em “apreender entorpecentes, extorquir traficantes para não serem presos”, além de indícios de cooptação de menores para aplicação de golpes por meio de exploração sexual.
Os autos apontam uma série de crimes perpetrados pelo bando entre 2018 e 2020. Apenas num dos casos, o grupo conseguiu extorquir de uma só vez cerca de R$ 900 mil de uma “mula” – uma pessoa “contratada” apenas para transportar drogas. Moradora de Várzea Grande, ela levaria entorpecentes não identificados numa Blazer até o Estado do Maranhão. A quadrilha descobriu o "potencial de extorsão", e fez com que ele pagasse R$ 900 mil em 2018.
Numa outra “investida” do bando, ocorrida contra um traficante também de Várzea Grande no ano de 2019, houve a “apreensão” de nada menos do que 100 quilos de pasta base de cocaína, distribuídas entre os membros do bando. Um deles, por exemplo, conseguiu R$ 30 mil com a venda de sua “cota” no “roubo” da droga.
“Realização de ‘arrocho’ de cerca de 100 quilos de substância entorpecente, com a sua posterior divisão e venda pelos denunciados. Ainda, os acusados, mediante ameaças de prisão à pessoa flagrada com a droga, exigiram o pagamento indevido de valores para deixar de realizar o flagrante. Situação que ensejou a configuração do crime de tráfico de drogas, com causa de aumento pelo emprego de arma de fogo e prevalecimento de função pública”, diz trecho da denúncia.
A maior parte da droga “roubada” (e depois vendida), pelos policiais civis e militares réus da operação “Renegados”, é de pasta base de cocaína (129 quilos). Outros 10 quilos obtidos pelo bando são de cocaína.
O valor dos entorpecentes varia de região para região do país, além do grau de pureza da substância, porém, um levantamento realizado com base em informações da PJC aponta que 1 quilo de pasta base pode custar R$ 30 mil, e render até 6 quilos de cocaína (após refinamento).
OPERAÇÃO RENEGADOS
A juíza da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT), Ana Cristina Silva Mendes, aceitou uma denúncia contra 25 policiais e ex-policiais, civis e militares, além de “apoiadores” e “informantes”, que fariam parte de uma organização criminosa que atuava na Polícia Judiciária Civil (PJC) de Mato Grosso. Os réus são acusados de concussão (receber ou exigir propina em razão do cargo que ocupam), roubo (com uso de arma de fogo, sob violência, mantendo as vítimas sob seu poder), além de “importar, produzir, transportar ou vender drogas”.
A decisão da juíza Ana Cristina Silva Mendes, publicada em 31 de maio de 2021, aponta ainda que a organização criminosa utilizou menores de idade para cometer os crimes. Tornaram-se réus Edilson Antônio da Silva, Alan Cantuário Rodrigues, Júlio Cesar de Proença, Paulo da Silva Brito, Rogério da Costa Ribeiro, André Luis Haack Kley, Frederico Eduardo de Oliveira Gruszczynski, Dhiego de Matos Ribas, Evanir Silva Costa, Raimundo Gonçalves Queiroz e Domingos Sávio Alberto de SantAna.
Ainda fariam parte da organização criminosa Reinaldo do Nascimento Lima, Natália Regina Assis da Silva, Manoel José de Campos, Jovanildo Augusto da Silva, Genivaldo de Souza Machado, Neliton João da Silva, Adilson de Jesus Pinto, João Martins de Castro, Delisflavio Cardoso Bezerra Da Silva, Sandro Victor Teixeira Silva, e Kelle de Arruda Santos, que também viraram réus no processo.
Todos eles – com exceção de Kelle Santos -, tiveram mantidas as prisões, realizadas durante a deflagração da operação “Renegados”, em 6 de maio deste ano.
Segundo informações da decisão que aceitou a denúncia, a organização criminosa era dividida em quatro subgrupos - núcleo de integrantes da Polícia Judiciária Civil, núcleo de ex-integrantes da Polícia Judiciária Civil, núcleo de apoio aos integrantes e ex-Integrantes da Polícia Judiciária Civil e núcleo dos informantes. O MPMT revela que pelo menos 12 ações criminosas foram realizadas pelo grupo.
M?e
Quinta-Feira, 10 de Junho de 2021, 07h06