Cidades Terça-Feira, 18 de Março de 2014, 20h:00 | Atualizado:

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Sem remédios e médicos, caos toma conta do pronto-socorro de Cuiabá

 

GAZETA DIGITAL

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Além da falta de médicos plantonistas nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC),  a unidade registra a ausência de medicamentos diversos, desde os mais básicos até aqueles usados em pacientes com doenças cardíacas. O problema se agrava a cada dia e pacientes têm conseguido liminares para tentar garantir a continuidade do tratamento. A reportagem teve acesso a cópias de várias Comunicações Internas (CIs) relatando à superintendência e direção da unidade a falta profissionais e de medicamentos.

Entre os pacientes está um adolescente de 17 anos que passou por várias cirurgias e contraiu uma infecção bacteriana relacionada à pneumonia associada à ventilação mecânica e que não recebe, no PS, medicamentos básicos mesmo com o menor internado na UTI.

Uma Comunicação interna produzida por um médico no domingo (16) relata que faltam itens básicos como água destilada, esparadrapo, dipirona sódica injetável, cálcio injetável, gase para curativo e outros medicamentos. Esparadrapo, por exemplo, os médicos estão pegando emprestado com o Serviço Móvel de Urgência (Samu). “Ressalto que a UTI dessa forma se torna impraticável”, enfatiza o profissional no documento enviado para a diretoria técnica.

Faltam ainda Ranitidina e Omeprazol, protetor gástrico que evita úlcera em pacientes com ventilação mecânica e sangramentos digestivos de origem gástrica. Somente na UTI 1, existem 3 pacientes que precisam desses medicamentos, mas até sábado (15) estavam sem tomar a medicação há 7 dias. “Quando se consegue esse antibiótico, ele é emprestado e acaba dentro de 1 ou 2 dias”.

As informações constam em outro documento que um dos médicos enviou para a diretoria do Pronto-Socorro no último sábado. O médico relata ainda a falta de Clopidogrel, medicamento utilizado no tratamento de infarto agudo do miocárdio e que é fator de melhora para prognóstico dos pacientes enfartados que o PS recebe. Os pacientes estão comprando o medicamento com o próprio dinheiro.

Uma ordem judicial dada em ação impetrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) determina que o Pronto-Socorro providencie ao adolescente o fornecimento dos medicamentos Vantomicina 1g, Meropenem 1g, Piperacilina + Tazobactan 4,5g e ainda ranitidina e Omeprazol nas quantidades que se mostrarem suficientes para o seu total restabelecimento até alta médica.

Vítima de um acidente de moto, o rapaz encontra-se internado numa UTI do Pronto-Socorro desde o dia 3 de dezembro de 2013 e já passou por 9 cirurgias abdominais.

Consta nos autos, que ele se encontrava até esta semana em reabilitação com progressiva melhora clínica. Mas diante da precária situação do PS contraiu uma infecção bacteriana.

Na liminar, a Justiça deu prazo de 24 horas para a compra do medicamento, mesmo que seja na rede particular, independente de licitação ou prévio cadastramento do paciente. A direção do PS terá que comprovar nos autos, em 10 dias, o efetivo cumprimento da ordem. Não foi fixada multa porque tal providência tem se mostrado ineficaz para a obtenção de efetividade das ordens judiciais.

O profissional autor das denúncias relata ainda que somente na UTI que ele está responsável existem ainda outros 2 pacientes com o mesmo quadro de pneumonia de origem em ventilação mecânica, que vêm apresentando picos febris de difícil controle e necessitando do uso de Vancomina. “Há diversas comunicações internas direcionadas à direção clínica do Pronto-Socorro sobre a compra destes e outros medicamentos essenciais para atendimento dos pacientes internados em nossa unidade de referência estadual, isso mostra a importância da compra dessas medicações”.

Falta de médicos

Outro grave problema denunciado pelos médicos é a sobrecarga de trabalho. Obrigados a cobrirem vários plantões extras na ausência de colegas que estão de férias, estes médicos estão há 7 meses sem receber por esses plantões extras. Dessa forma, ninguém mais quer aceitar cobrir as lacunas existentes, restando no atendimento apenas os profissionais de enfermagem.

Os ofícios internos enviados por médicos ao diretor da unidade, José Antônio Figueiredo, confirmam a falta de médicos nas UTIs, denunciada médico Eduardo Andraus Filho e publicada pelo Gazeta Digital no dia 10 deste mês. Prática que, oficialmente, a direção nega. Um ofício enviado nesta segunda-feira (17) confirma que não tinha profissionais para nas UTIs 1 e 2 durante à tarde, entre 13h e 19h. O diretor técnico Douglas Saldanha Pereira relata no ofício que 2 médicos estão de férias e os profissionais que já atendem em um leito precisam se sobrecarregar para cobrir o espaço. Um desses médicos que dá suporte enviou Comunicação Interna (CI) informando que no dia 21 deste mês não poderá fazer o plantão porque irá realizar exames médicos. Além do mais ele já trabalha sozinho na UTI 3 em virtude da férias de uma médica.

“Informo que tentei inúmeros médicos no dia de hoje para cobrir as falhas na escala, não consegui nenhum deles, pois não recebem o plantão extra há mais de 6 meses e também informo que não poderei fazer a cobertura dos plantões pois estou de plantão (...) das 13h de hoje até às 17h de amanhã [em outro hospital]. Solicito providências para o caso com a máxima urgência”, diz trecho do documento.

A Secretaria Municipal de Saúde nega existir falta de médicos no Pronto-Socorro. Por meio da assessoria de imprensa, garante que não faltam plantonistas nas UTIs e que as CIs são normais para relatarem a ausência de médico durante o procedimento de troca, quando termina o plantão de um e outro ainda não chegou. Afirma que quando o outro plantonista assume a unidade, não é elaborada outra CI. Sobre a liminar diz que será cumprida.

No entanto a Pasta confirma a falta de vários medicamentos em virtude de um “problema sério de compra de medicamentos”. Está em andamento o pregão eletrônico 01/2014 feito com data de 16 de janeiro para compra de 480 itens. Alguns fracassaram pois não houve nenhum fornecedor interessado. Alega que a dificuldade ocorre porque as empresas não aceitam as cláusulas do edital amparado pela lei de licitação (8.666) e entram com impugnação. Isso, segundo a assessoria, tem dificultado as compras.

Alguns medicamentos são adquiridos por meio de compras emergenciais, mas a medida paliativa não resolve o problema e a cota de compras emergenciais já foi extrapolada. 





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Comentários (1)

  • Ferdinando

    Quarta-Feira, 19 de Março de 2014, 06h52
  • Esse é o prefeito que o o povo merece... empresario que não precisa desviar dinheiro publico (será???) E a mulher dele não trata no PS e sim no Albert Ainsten em SP/SP e foda-se o povo...
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