O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, negou a devolução de R$ 18,9 mil, jóias, e também um um Chevrolet Camaro, de Agner Luiz Pereira de Oliveira Soares, alvo da Operação Ragnatela, suspeito de lavar dinheiro do “Comando Vermelho”.
De acordo com um dos processos derivados da operação Ragnatela, o suspeito argumentou que o “ sequestro dos bens, e, também da busca e apreensão deste é carente de qualquer fundamentação idônea”. Jean Garcia de Freitas Bezerra não acatou os argumentos em decisão publicada na última terça-feira (12), e lembrou que durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão foi necessário “arrombar” a porta da residência de Agner.
“Na ocasião do cumprimento da ordem judicial, foi necessário o arrombamento da janela frontal da residência, que foi executado pela equipe da PRF, tendo em vista a sensibilidade do alvo informada pela coordenação da Operação Especial de Polícia Judiciária, em cotejo com a demora na abertura da porta pelo morador”, explicou o magistrado
Ainda de acordo com a decisão, Agner teria destruído um Iphone antes de entregá-lo às forças de segurança durante as diligências. “Durante o cumprimento da medida judicial, chamou bastante atenção ao fato de que havia um aparelho celular, aparentemente IPhone, totalmente destruído. Ao ser questionado o motivo daquele aparelho se encontrar naquela condição, Agner Luiz disse que havia quebrado o equipamento na noite do dia anterior em razão de um desentendimento que havia tido com a sua esposa. Afirmou, ainda, que o celular seria dela”, dizem os autos.
Agner é suspeito de "rentabilizar" os lucros obtidos com shows e tráfico de drogas por parte dos membros da facção. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua residência no condomínio de luxo Belvedere, na região do Coxipó, na Capital, no dia 5 de junho de 2024. Entre as suspeitas que mais chamam a atenção reveladas na Operação Ragnatela está o envolvimento de vereadores da Câmara de Cuiabá com facções criminosas.
Segundo as investigações, o vereador Paulo Henrique (MDB) agiu de forma burocrática para autorizar o funcionamento de casas noturnas, e também a realização de shows, adquiridos e promovidos pelo Comando Vermelho. Ele também é suspeito de receber propina da organização criminosa. Conforme as investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT), comandada pela Polícia Federal, o vereador também teria utilizado o sindicato que preside para lavar dinheiro da facção.
Entre as lideranças do CV que seriam ligadas ao vereador está Joadir Alves Gonçalves, o “Joga”, dono do Dallas Bar, em Cuiabá. O ex-assessor parlamentar Elzyo Jardel Xavier Pires se apresentava como “guri do Joga” e “bandido”, segundo as investigações.