Hoje as redes sociais vão além de conectar amigos. Na verdade tornou-se um meio de comunicação onde muitos internautas usam como plataforma para reafirmar suas ideias, como é o caso da Elenir Pereira, em sua página ‘ Elenir 2020’.
Em seu perfil, posta vídeos voltados a pautas para mulheres, sempre buscando o empoderamento feminino. Através da Live Intitulado de ‘ Dedo de Prosa’, ela já entrevistou a amiga Maria, mulher negra, filha de escravos que foi muito presente na vida dela; Nelma Cunha especialista em desenvolvimento humano e empreendedorismo feminino.
Na sua última roda de conversa foi debatido violência contra a mulher com a advogada Elen Regina e com o fotógrafo Edinei Rosa, que teve a irmã, Dineia Batista, assassinada em março de 2017 pelo ex-namorado, que não aceitava o fim do relacionamento (feminicídio).
O entrevistado relatou durante o ‘Dedo de Prosa’ , a Elenir, como aconteceu a tragédia que marcou sua família. “Sempre via na televisão casos de feminicídio e ficava observando. Ficava assistindo as reportagens e pensando que isso nunca aconteceria comigo”, revelou Ednei durante a Live. “A minha irmã sempre foi esforçada, acadêmica de direito, sempre estava na biblioteca estudando, ela falou para ele (ex-namorado) que se não quisesse acompanhar e incentivar terminaria o namoro. Ela terminou o relacionamento então ele passou a persegui-la. Foram feitos vários boletins de ocorrência e por último uma medida protetiva, mas nada adiantou, ela foi morta, hoje minha irmã faz parte de uma estatísticas de feminicídio ”, relata Edinei.
A advogada, Elen Regina, que também é entrevista por Elenir ressaltou que as pessoas têm o costume de dizer o ditado popular: ‘em briga de marido e mulher ninguém mete a colher’, mas, na verdade todos devem colocar a colher, sim! Diante uma situação de violência, não é somente o dever do Estado, a sociedade também tem essa obrigação.
“Atualmente a delegacia da mulher em Cuiabá não funciona no sistema de plantão. Quando as mulheres são agredidas, são direcionadas a uma delegacia comum. As vítimas que estão fragilizadas e machucadas ficam misturadas com outras pessoas. Deveria ter um lugar próprio para acolher todas essas mulheres. Elas se sentem diminuídas em relação a tudo que aconteceu. É preciso que tenha um atendimento psicológico, também voltado aos familiares, 80 % dos filhos vêem essas agressões dentro de casa”, ponderou Elen.
Elenir também destacou que muitas vezes esse ciclo de violência inicia nos pequenos gestos. “Vai desmerecendo o cabelo, as roupas, os estudos, são coisas que acontece de forma sutil, como no caso da irmã do Edinei. Eu tenho histórias da minha infância sobre esses casos só que naquela época não era registrado como feminicídio e sim como homicídio, também era de forma intensa, mas não havia registros”.
Ela ressalta que o Estado junto da secretaria de educação, tem que ir às escolas e começar a difundir essa realidade conversando com os jovens porque a cultura da violência é muito forte em todas as áreas. “É interessante ter essa papo, essa roda de conversa nas escolas junto com assistentes sociais e professores e com uma pessoa da área criminal. Medidas feitas de forma integrada, a gente percebe que isso não é falado em todos os lugares. Podemos falar sobre isso nas nossas igrejas e realizar campanhas.
A apresentadora da Live ‘Dedo de Prosa’ fala que mesmo lutando pelos direitos femininos em sua página, sua vontade é de colocar isso em prática. Sair das redes sociais para ser assertiva na vida das mulheres. No mês de fevereiro ela foi convidada por uma das lideranças do Partido Republicano da Ordem Social- Pros , a advogada Gisela Simona Viana de Souza, e pré-candidata ao Senado Federal, para filiar-se ao partido e concorrer a uma das vagas no legislativo municipal.
ITAMAR AGUIAR Masculino
Sexta-Feira, 27 de Março de 2020, 17h22