O videoclipe da canção “Ditadura do Cabelo”, da banda Desheróis, será lançado às 12h desta sexta-feira (04) no canal do YouTube da Sumac Records. A faixa musical também será disponibilizada no Spotify a partir das 19h desta quinta (03). O projeto foi um dos contemplados no edital Movimentar Cultura, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT).
Dirigido por Marcelo Sant’Ana, o videoclipe foi gravado no formato Sessions, no qual o registro audiovisual é feito enquanto os músicos se apresentam nos estúdios da gravadora Sumac Records, selo responsável por lançar vários artistas independentes de Mato Grosso. A produção também contou com apoio da Latitude Filmes.
Desheróis e a Ditadura do Cabelo
A banda foi fundada há dez anos pelo jornalista Túlio Paniago e o violonista Marcus Venícius Silva. A atual formação, além dos dois membros-fundadores, conta com os virtuosos músicos Michael Ojeda (Guitarra) e Igor Carvalho (Baixo).
A musicalidade é marcada pela presença de diferentes vertentes de rock (psicodélico, folk e gypsy) que se misturam com elementos da vasta diversidade de ritmos e gêneros brasileiros. Aliás, uma outra música do grupo, intitulada “Estações”, ficou em segundo lugar no Festival Jardim Autoral, realizado em 2021.
“Ditadura do Cabelo”, por sua vez, foi a primeira canção da banda, composta em 2011. Sob uma perspectiva bem humorada e um tanto quanto trágica, a letra dialoga com a famosa máxima de Paulo Freire: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”.
A construção também passa por Lia de Itamaracá, Mestre Baracho e Chico Science. Isso porque Mestre Baracho compôs a ciranda “Roberto Carlos”, imortalizada na voz de Lia, na qual o primeiro verso diz o seguinte: "Roberto Carlos é o rei do iê-iê-iê”.
Eis que Chico Science pegou este verso para utilizar como introdução da releitura de “Todos estão surdos”, do próprio Roberto Carlos. Este verso irônico, na introdução de Chico, era acompanhado por outra ciranda do Mestre Baracho: “Disse um careca / passando a mão na cabeça / Se meus cabelo crescesse / Não mandava cortar, não / Os cabeludo tão aí mandando brasa / Dizendo a Luiz Gonzaga / Deixa meu nome de mão”.
“Ditadura do Cabelo reúne todas essas referências em um universo de carecas e cabeludos em uma luta de classes. São recortes das ideias presentes nas cirandas de Mestre Baracho e Lia de Itamaracá e no manguebeat de Chico Science colados com o conceito freiriano da pedagogia do oprimido. Ou pelo menos era essa a intenção”, comenta o letrista Túlio Paniago.