A adolescente negra Ndeye Fatou Ndiaye, vítima de racismo por alunos da escola particular em que estudava desde os 5 anos de idade em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, ganhou duas bolsas integrais em colégios particulares da cidade.
O pai de Fatou, Mamour, diz que decidiu tirar a filha do colégio depois dos ataques direcionados à jovem em mensagens trocadas por alunos da instituição. Ele afirma que o colégio enviou um ofício ao Conselho Tutelar, mas que a filha e ele decidiram não permanecer na escola.
"Você, mãe ou pai, você deixaria a sua filha ou filho sentar ao lado de alguém que quer vendê-la na internet? Como seria a autoestima do seu filho que quer buscar o saber?", diz Mamour.
Nesta sexta-feira (22), cinco adolescentes foram identificados pela polícia como suspeitos pelos ataques racistas. Segundo a delegada titular da 9ª DP (Catete), que investiga o caso, todos vão ser intimados a prestar depoimento na unidade.
De acordo com a Polícia Civil, um dos jovens não fez publicações ofensivas, mas riu da conversa. Na troca que mensagens, ofensas foram direcionadas à estudante Ndeye Fatou Ndiaye, que foi xingada e humilhada por ser negra.
Os textos continham mensagens extremamente racistas como: “Para comprar um negro, só com outro negro mesmo” e “Quando mais preto, mais preju”, diziam as mensagens.
A delegada Juliana Almeida disse também que, além dos adolescentes e seus representantes legais, algum membro da escola também vai ser intimado a prestar esclarecimentos sobre o fato na delegacia.
A delegada explica, ainda, que o ato cometido pelos adolescentes se enquadra no caso de auto de infração, que se equipara ao delito de injúria por preconceito.
Leonidas Cintra
Sábado, 23 de Maio de 2020, 09h13